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Marselha: Papa pede combate à “epidemia de indiferença”

© Lusa

O Papa alertou este sábado em Marselha para as doenças do coração, na sociedade europeia, que considerou marcada pela “tristeza” e a indiferença perante o sofrimento.

“Um coração frio e insensível arrasta a vida de forma mecânica, sem paixão, sem impulsos, sem anseios. E, de tudo isto, é possível adoecer na nossa sociedade europeia: o cinismo, o desencanto, a resignação, a incerteza, e, num sentido geral, a tristeza”, disse, na homilia da Missa a que presidiu no estádio Vélodrome, da cidade francesa, perante mais de 50 mil pessoas.

Francisco chegou ao local em papamóvel, após ter sido saudado por dezenas de milhares de pessoas que o acompanharam, no exterior do estádio.

“As nossas cidades metropolitanas e muitos países europeus como a França, onde convivem diferentes culturas e religiões, são um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos”, observou.

A homilia convidou os católicos a viver a sua fé com “saltos de alegria”, que transformam o interior de cada pessoa.

“É o contrário dum coração insensível, frio, acomodado numa vida tranquila, que se blinda na indiferença e se torna impermeável, que endurece, insensível a tudo e a todos, inclusive ao trágico descarte da vida humana, que hoje é rejeitada em tantas pessoas que emigram, bem como em muitos bebés não nascidos e em muitos idosos abandonados”, precisou.

A Missa, em francês, começou com uma saudação do Papa a Marselha e à França, deixando depois uma referência à história do país, “rica de santidade, de cultura, de artistas e de pensadores”.

“Também hoje a nossa vida, a vida da Igreja, a França e a Europa precisam disto: da graça dum salto de alegria, dum novo salto de fé, de caridade e de esperança. Precisamos de reencontrar paixão e entusiasmo”, apelou.

Lusa

Francisco convidou todos a “redescobrir o gosto do compromisso pela fraternidade, ousar ainda o risco do amor nas famílias e para com os mais frágeis”, levando a mensagem do Evangelho a “sociedades marcadas pelo secularismo mundano e por uma certa indiferença religiosa”.

A intervenção partiu da passagem do Evangelho segundo São Lucas que relata a visita da Virgem Maria à sua prima Isabel, quando as duas estavam grávidas – a mesma passagem que inspirou o tema da JMJ 2023, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’.

“Quem crê, quem reza, quem acolhe o Senhor salta de alegria no Espírito, sente que algo se move por dentro, dança de alegria”, afirmou o pontífice.

A homilia concluiu-se com uma oração a Notre Dame de la Garde, pela França e pela Europa, e uma citação do poeta francês Paul Claudel (1868-1955), sublinhada com uma salva de palmas da multidão.

Antes do final da Eucaristia, o arcebispo de Marselha, cardeal Jean-Marc Aveline, deixou uma mensagem ao Papa, agradecendo-lhe pela sua visita, iniciada esta sexta-feira, por ocasião dos Encontros do Mediterrâneo, que decorreram na cidade francesa.

Francisco respondeu, agradecendo às autoridades políticas e a quantos prepararam esta visita, antes de desafiar os católicos a ser “sinais de Deus perante a atual epidemia da indiferença”.

O Papa saudou, em particular, os sobreviventes do atentado de Nice, a 14 de julho de 2016, as vítimas de todos os atentados terroristas e da guerra, com referência ao “martirizado povo ucraniano”.

Esta foi a 44ª viagem internacional do pontificado, tendo Francisco visitado 61 países, incluindo Portugal; a 25 de novembro de 2014, o Papa esteve na cidade francesa de Estrasburgo, para discursar perante o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa.

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