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Emigrante lança coletânea para financiar abrigo animal em Leiria

© Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Chama-se “Olá Burrito”, é o primeiro de nove livros da coletânea “O Burro que salvou o mundo” a ser lançado pelo autor Herman Alves, natural de Porto de Mós, no distrito de Leiria, mas radicado no Canadá, e todas as verbas que forem angariadas com a sua venda revertem para um nobre objetivo: apoiar a construção e a manutenção de um refúgio destinado a animais em vias de extinção, em São Bento, sua terra de origem.

Quem pela Praça Arménio Marques, na vila sede do concelho, passou durante a tarde do passado dia 22 de janeiro dificilmente deixou escapar a apresentação desta obra. Além do local escolhido, que já é especialmente emblemático pelo mural de homenagem ao centenário de Amália Rodrigues (e que o próprio Herman Alves mandou pintar em 2020), o autor organizou um evento cheio de pompa e circunstância. Instalado em frente ao autocarro alemão Doppellecker, presenteado com a atuação da ucraniana Mayya Rud, que interpretou “Foi Deus” (de Amália Rodrigues), ladeado pelo presidente da Câmara Municipal, Jorge Vala; pelo vice-presidente e vereador da Cultura, Eduardo Amaral; pelo presidente da Junta de Freguesia de Porto de Mós, Manuel de Freitas Barroso; pelo seu editor e grafista, Ernesto Matos; pelo seu revisor, José Silva, e ainda na presença de um burro, que fez questão de levar até ao centro da vila, Herman Alves dirigiu-se ao público que na praça se aglomerou para falar um pouco sobre a sua história, sobre o livro em particular e também sobre os seus projetos futuros.

Criado em São Bento até aos 11 anos, Herman Alves conta ao nosso jornal que foi nesta localidade que desde cedo ganhou um “carinho imenso por animais” e onde, mais tarde, travou amizade com um “burrito” que lhe viria “literalmente a salvar a vida por duas vezes”. No entanto, quis o destino que há 55 anos tivesse que se despedir da vida que até então conhecera para partir rumo à Alemanha. Aí, aprendeu a língua, adaptou-se e permaneceu até se voltar a aventurar, mas desta feita por terras ainda mais distantes. O Canadá foi o destino escolhido, e por lá ficou até hoje.

Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Como qualquer emigrante, esforçou-se para enfrentar as barreiras linguísticas da nova realidade. Aprendeu francês, inglês, formou-se e tornou-se executivo. Contudo, há algo que Herman Alves afirma com um brilho nos olhos: “Eu fui um executivo em grandes empresas no Canadá, mas, para mim, um burro é muito mais importante do que um grande executivo que não tem valores nenhuns, por isso eu nunca me esqueci das minhas origens”. E foi graças a estas origens humildes que o autor escreveu “Olá Burrito”.

Esta é uma obra de ficção infantil, mas cuja inspiração remonta à sua infância. Não é por acaso que as personagens principais deste primeiro volume são, precisamente, Hermi (diminutivo de Herman) e o seu burrito. Juntos, partilham uma aventura que, diz-nos, “se desenrola em Porto de Mós, de forma mais concreta na freguesia de São Bento, na Fórnea, em Alvados, no caminho do Patelo, no trilho do Castelejo, entre outros locais emblemáticos, e que culmina com um confronto entre o seu fiel amigo e uma serpente de duas cabeças em plena Gruta de Alvados”.

Este livro faz parte de uma coleção de nove obras, todas elas centradas nestas duas personagens e também em Ana, sua amiga, e Zilda, uma zebra. Depois da primeira aventura, este quarteto viajará pelo mundo e cruzar-se-á com “algumas das maiores referências e pensadores, como é o caso de Vasco da Gama, John Lennon, Mahatma Gahndi, Bob Marley ou Martin Luther King. Com eles, estes amigos irão aprender a enfrentar e resolver problemas económicos, sociais e até mesmo a guerra”, explicou-nos o autor.

Luís Vieira Cruz / BOM DIA

Mas para lá da ficção há uma realidade que este emigrante não esquece, e foi a pensar nela que decidiu colocar as mãos à obra e idealizou um refúgio para salvar espécies em vias de extinção. As verbas conseguidas através de toda a colectânea, que está disponível em português, inglês e francês nas mais variadas plataformas de vendas digitais, serão para aqui canalizadas, uma vez que “nada se faz sem custos e além de já ter feito um grande investimento na aquisição de terrenos, é preciso fazer palheiros, habitações e criar condições para os animais e para ter quem trate deles”, afirma.

A previsão da duração desta obra sita na zona do Covão da Nogueira é estimada “entre dois a três anos”, tempo que considera suficiente e que, por isso mesmo, já decidiu encomendar “dois burritos mirandeses, que são uma espécie ameaçada, para fazer reprodução e ter na propriedade animais registados”. Além destes, é seu objetivo ter também “burros das Serras de Aire e Candeeiros” e ainda “outros animais”.

Para este projeto pode ainda não haver nome, mas há outros planos bem definidos pelo seu autor: “A minha ideia é fazer um parque pedagógico, uma loja para que os visitantes possam conhecer e levar produtos locais, quero fazer excursões e workshops para as crianças. Espaço e atividades não vão faltar”.

Quanto ao projeto, Herman Alves soube dias antes de falar com o jornal O Portomosense que já tinha sido aprovado. Agora, resta-lhe “avançar com a obra, concluí-la e fazer o que puder por São Bento e Porto de Mós”.

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