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Desafios da ideologia da extrema direita para a democracia e os direitos humanos na Europa

A influência dos movimentos e partidos de extrema-direita cresceram ao mesmo tempo que a influência e sofisticação da internet e das redes sociais no mundo digital. É através destes canais que os cidadãos são inundados com desinformação, fake news, manipulação e radicalização.

É por isso que este relatório é tão importante e deve ser seguido. Ele põe evidência os perigos dos movimentos de extrema-direita para as nossas democracias, para a estabilidade das nossas nações, para a força e coesão da União Europeia e para os valores humanistas que defendemos no Conselho da Europa. 

As nossas sociedades estão mais polarizadas que nunca, porque as plataformas digitais amplificam a raiva, revolta e ansiedade que é alimentada pelos movimentos e partidos da extrema-direita, num fluxo circular de energias destrutivas, prejudicando seriamente a capacidade para o diálogo político e a cooperação, abrindo assim o caminho para o poder de uma forma perversa e desonesta.

Tal como nos regimes totalitários, os extremistas transformam os adversários em inimigos, para melhor arrastarem as pessoas para a sua propaganda. E os seus inimigos são as instituições democráticas, a União Europeia, os movimentos políticos de esquerda, os migrantes, os ciganos e outras minorias. Eles pretendem um nacionalismo e uma pureza de identidade impossível num mundo cheio de colonizadores e colonizados e composto desde sempre por fluxos migratórios. Eles incitam ao racismo e à xenofobia e legitimam os racistas, os xenófobos e o discurso de ódio.

Eles são uma ameaça para o projeto da União Europeia, construído para rejeitar o confronto de nacionalismos e de identidades, promovendo em vez disso o diálogo e a cooperação. Eles bloqueiam decisões na União Europeia com consequências dramáticas ao nível das migrações, impedindo que sejam salvas vidas no Mediterrâneo. Eles estão a matar o significado de humanismo e de solidariedade. 

 Os movimentos extremistas eram, ou ainda são, muitas vezes financiados pela Rússia, responsável pela inaceitável violação da Carta das Nações Unidas e por todos os tipos de crimes de guerra na Ucrânia. Apesar de estarem a fazer tudo para parecerem respeitáveis e aceitáveis, não podemos esquecer que a sua inspiração vem das ideologias fascistas e autoritárias.

No meu país, em Portugal, a extrema-direita diz querer fundar uma nova república, rejeita a autoridade do Presidente do Parlamento, os seus militantes fazem cercos aos partidos políticos, os seus parlamentares fazem ações de provocação em manifestações organizadas por partidos de esquerda e, como afirmou o Tribunal Constitucional, os seus estatutos internos são antidemocráticos. 

 Aqui, no Conselho da Europa, e nos nossos Estados-membros, temos de erguer a nossa voz para defender a tolerância, sociedade inclusivas e pluralistas, se preciso com medidas sanitárias. Lutar contra a ideologia de extrema-direita é um dever moral para todos os democratas, se quisermos evitar a degradação das nossas democracias. 

Paulo Pisco

Intervenção sobre o relatório sobre “Os desafios da Ideologia da extrema direita para a Democracia e os direitos Humanos na Europa, feita em nome do Grupo Socialista, Democratas e Verdes da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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