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Secretário-geral da OCDE: Governo português é exceção na Europa

O secretário-geral da OCDE afirmou que, no atual cenário de instabilidade e fragilidade política à escala global, o Governo de coligação português “provou ser um modelo muito eficaz” e “quase uma exceção na Europa”.

“Quando se formou este governo dizia-se que não havia muitas perspetivas de durar, nem de estabilidade, e hoje temos uma situação que é quase uma exceção na Europa”, afirmou Angel Gurría, em entrevista à Lusa, à margem da apresentação do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre Portugal, divulgado em Lisboa.

“Temos tantos problemas de instabilidade e fragilidade das coligações e esta não é uma coligação tradicional, porque temos um partido com o apoio de outros partidos, mas que não estão no governo. [O executivo de coligação português] provou ser um modelo muito eficaz, muito interessante”, frisou o secretário-geral da organização com sede em Paris.

Questionado sobre uma avaliação global da atuação do executivo liderado por António Costa, que está prestes a completar quatro anos de mandato, Angel Gurría respondeu que a OCDE tem “a melhor opinião do desempenho do Governo português”, acrescentando que basta “ver os números”.

O secretário-geral da OCDE referiu também que Portugal surge “como um bom modelo, não somente económico, mas também social”, destacando-se “a queda dramática do desemprego” nos últimos anos.

“Também porque é um governo socialista que, naturalmente, tem uma agenda de proteção social, mas que combinou com a queda da dívida. Então isso quer dizer que é possível ter grande consciência social e também responsabilidade no controlo, na gestão das finanças públicas”, frisou Angel Gurría.

Por oposição, o secretário-geral da OCDE referiu que ainda na sequência da crise, se verifica uma queda generalizada da confiança nas instituições.

“Quais são os grandes legados da crise? Pouco crescimento ou negativo, destruição do emprego e incremento das desigualdades, e tudo isto criou uma situação de queda da confiança das instituições”, frisou Angel Gurría, acrescentando que todos estão a ser afetados por esta quebra na confiança: “presidentes, primeiros-ministros, ministros, partidos políticos, parlamentos, sistemas bancários, organizações internacionais e a própria democracia”.

Para retratar o atual cenário de instabilidade política, o secretário-geral da OCDE referiu os nove meses necessários para formar governo na República Checa, os sete meses para formar governo na Holanda, os cinco meses para formar governo na Alemanha, os quatro meses para formar governo na Suécia, referindo também os resultados eleitorais em Itália, a fragmentação política em Espanha, o Brexit, a situação nos Estados Unidos, no México e no Brasil.

Angel Gurría alertou ainda que “centenas de milhares de pessoas no mundo estão frustradas, com a impressão de que a recuperação não os inclui e com a impressão de que foram deixados de fora do processo de bem-estar”, sinalizando que isso contribui para o aumento da contestação social, como aquela verificada em Portugal nos últimos meses.

No relatório divulgado, entre outras recomendações, a OCDE indicou que Portugal deve manter a consolidação orçamental gradual a fim de garantir a redução da dívida pública e continuar a promover o desempenho das exportações.

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