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Conselheiros das comunidades insatisfeitos com ensino de português

Os conselheiros das comunidades portuguesas criticaram a política de ensino de língua portuguesa no estrangeiro, que consideraram dirigir-se mais às comunidades lusófonas que aos emigrantes portugueses e lusodescendentes.

A atual política de ensino do português no estrangeiro “realça a importância da língua e da cultura portuguesa, mas mais vocacionada para as comunidades de países de língua oficial portuguesa e não necessariamente para as comunidades portuguesas”, considerou hoje Flávio Martins, presidente do conselho permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), que se reúne até sexta-feira na Assembleia da República, em Lisboa.

“Apesar de nós entendermos a importância estratégica para a afirmação de Portugal a nível internacional, não há nenhuma linha a respeito do ensino da língua portuguesa nas comunidades”, disse o representante, comentando a política do executivo para as comunidades.

Numa audição com deputados do PS, PSD e PCP da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, o conselheiro Amadeu Batel (Europa) criticou o ensino de português no estrangeiro (EPE), defendendo que deve ser visto como “primeira língua” e não como “língua estrangeira”.

“O programa do Governo quer associar a isto a uma questão de identidade lusófona. Não vamos por aí. Continua-se a seguir uma política que é, a nosso ver, antipatriótica”, sustentou.

O deputado socialista Paulo Pisco afirmou que o português deixou de ser vista como uma “língua da emigração” e hoje é considerado “uma língua global”, falada por 261 milhões de pessoas.

A deputada comunista Carla Cruz reiterou a oposição do PCP à propina introduzida pelo anterior executivo (PSD/CDS-PP) no ensino do português, enquanto o deputado do PS repetiu a posição do Governo socialista de que esta será suprimida quando houver condições financeiras para tal.

Por outro lado, os conselheiros alertaram para a falta de pessoal nos consulados e pediram um reforço dos meios. Flávio Martins deu o exemplo do consulado de Montevideu (Uruguai), que esteve fechado durante 20 dias em março porque a única funcionária foi de férias.

Sobre esta matéria, Carla Cruz lamentou os cortes que levaram à saída de cerca de 350 trabalhadores dos postos consulares, e Paulo Pisco reconheceu que há “carências gritantes” que o Governo tem procurado repor, mas “não ao ritmo” que o socialista gostaria.

Já o deputado do PSD José Cesário, anterior secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, alertou que “a rede foi amputada de cerca de 180 funcionários desde que este Governo [liderado por António Costa] tomou posse”.

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