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O meu rubi

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Quisera não sei quê nem quem que em 10 de Janeiro de mil, nove, sete, nove, eu escrevesse o meu primeiro poemeto – nunca terá sido um poema – umas rimas, vá.

Há por isso esse ror de anos que as letras – a escrita, não sei se por bem se por mal -, passaram a fazer parte permanente da minha vida. Se eu o quero? Se eu o quis e se gosto que assim fosse? Gosto… Não desgosto.

Em abstrato sou tolerante ao facto.

Se a minha vida seria mais fácil sem essa prática? Acredito que sim. Mas se o comecei a fazer é porque me fazia falta. Sem essa (pre)ocupação, sem essa sensibilidade, ai a vida teria sido mais fácil, mais alegre. Bem mais alegre e despreocupada.

Era uma quarta-feira de tarde. Chovia. Às quartas-feiras à tarde não tinha aulas no meu ensino Preparatório desse ano. Com frio e chuva, estava pela cama e o meu irmão menos novo que eu sensivelmente três anos, por perto. Vai daí puxo dum papel e escrevo. Não sei se a minha cabeça, além da classificação “Bom” ou “Muito Bom” nas redacções da Primária, já havia ensaiado algo mais que uns rabiscos que quando nas aulas do Preparatório, com os colegas brincava com as palavras e falava de Miguel Torga, se calhar cuidando querer ser como ele.

Sei que brotei umas rimas. Sempre tive medo de chamar poemas ao que escrevia. Chamava-lhes artigos. E fora o dealbar de um ror de escrita quase doentio, ao tempo e durante muitos anos diariamente. Se e quando não era diariamente, tinham o mesmo efeito e deve ser por isso que nos cadernos A4, de capas pretas que me custavam oitenta escudos, escrevi no frontispício “Diário de Poemas – Memórias”. Mais tarde acrescentei “Memórias”, porque a vida é um poema constante, como na altura escrevi e o retrato repercutia o dia-a-dia.

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Hoje – no decorrer da vida, é diferente. Muito diferente e muitos episódios de passaram, e, obviamente muitas, muitas palavras e textos em números infindos. Mas hoje… hoje é diferente.

Talvez eu reste para contar.

Mário Adão Magalhães

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico).

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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