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“Mãe da nação” timorense pelos olhos de Ricardo Dias

© DR

A noite “mágica” em que o cineasta português Ricardo Dias conheceu Mana Lou, considerada uma “mãe da nação” timorense, foi o prefácio de uma investigação que culminou no documentário “A casa que nos une”, que participará no FESTIn.

Mana Lou “tem um dom muito especial quando fala connosco, tem um dom de falar diretamente para o coração. Foi uma experiência muito emocional e muito especial”, disse à agência Lusa o realizador, atualmente em Timor-Leste.

O documentário “A Casa que nos Une/Uma Halibur Hamutuk” apresenta a história de um grupo de mulheres em Timor-Leste e descreve a sequência de acontecimentos durante o ano de 1999, a situação difícil em Liquiçá durante o mês de abril, o referendo de 30 de agosto de 1999 e as semanas seguintes.

A obra vai participar na 14ª edição do FESTin, a festa do cinema da língua portuguesa que terá quase 40 produções de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde e Timor Leste, e que arranca sexta-feira no Cinema São Jorge, em Lisboa.

Ao conhecer Mana Lou, em 2015, com quem contactou para um outro trabalho, Ricardo Dias foi-se apercebendo do “papel importante” que a fundadora do Instituto Sekular Maun-Alin Iha Kristu (Irmãos e Irmãs em Cristo, ISMAIK) teve durante o tempo da invasão indonésia.

E decidiu então contar a sua história, pegando “no contexto histórico do passado, a situação difícil, o massacre de Liquiçá, em 1999” e depois “o presente e o futuro”.

O seu objetivo foi, “primeiro, mostrar que estas mulheres estiveram presentes nos acontecimentos mais dramáticos e que têm muito poucas imagens e muito pouca informação sobre eles, nos anos 90” [do século XX] e, depois, “o trabalho que continuaram a fazer, já e tempo de paz: a preocupação com a educação e a saúde”.

“Timor-Leste é um país com as carências conhecidas e elas [as religiosas] tentam ter uma abordagem que concilia a medicina tradicional com a medicina científica”, disse.

O realizador encontrou, em destaque, o papel destas mulheres num mundo de homens.

“Para mim, teria muito mais visibilidade se eu fizesse um trabalho que mostrasse que a igreja não é propriamente um lugar para mulheres, mas achei que isto não seria algo bom para a própria instituição em Timor leste”, disse.

Para a realização do documentário, Ricardo Dias conheceu as casas de Mana Lou “espalhadas pelo país” e, nesse percurso, apercebeu-se de que “as casas delas estavam localizadas em lugares estratégicos onde tinham ocorrido dramas e violências contra direitos humanos em Timor-Leste” e a ficar “ainda mais interessado sobre esta história”.

“Em 1999, foi a única instituição que deu apoio humanitário durante o massacre de Liquiçá, em abril de 1999, quando o exército indonésio, juntamente com as milícias, passou um mês a matar pessoas na praça pública, com requintes de malvadez”, adiantou.

E prosseguiu: “Elas, dentro das suas limitações, a Mana Lou e o seu grupo, foram dando o apoio a esta gente, a toda a população, no sentido de aliviar a dor e o sofrimento”.

Em 1999, recordou, dá-se a fuga de Dili para a montanha, retratada nas imagens de Max Stahl, que mostram as pessoas a caminho da casa de Mana Lou.

“Nessa altura, ela deu guarida a cerca de 60.000 refugiados”, disse.

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