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Crónicas de Lisboa: o casamento da vírgula

– Um dia passeava uma simpática vírgula (,) pelo texto dum romance de amor e de repente parou mas depois continuou o seu caminho até que no final dum período encontrou um ponto (.) que por ali passava e a simpática virgula disse olá ao ponto e este espondeu também com um olá bom dia encontrei-te por aqui a que este respondeu olá e lhe disse que estaria no final do parágrafo à espera dela e ela ousadamente atirou-lhe poderíamos fazer um casal e nesse caso chamar-nos-íamos ponto e vírgula (;) e ela concordou e começaram logo ali um namoro mas foram surgindo as interrogações (?) próprias de quem quer formar um par de amor mas decidiram avançar e casaram-se e fizeram a sua fusão  e que passou a chamar-se ponto e virgula (;) e ultrapassados os sinais de interrogação (?) que surgiram avançaram para a maternidade contudo a criança precisava dum chapéu e deram entrada nas suas vidas ao sinal circunflexo (^) para cobrir e proteger do sol o seu rebento e foram passear com ele à beira-mar e observando a ondulação do mar por ali viram  um sinal a que deram o nome de til (~) e  alguns passos adiante encontraram um par de dois pontos (:) ainda jovens e sentiram uma exclamação (!) porque afinal já tinha chegado à escrita uma forma de casal do mesmo sexo isto é de dois pontos como sinal dos tempos modernos

– formaram assim uma comunidade de sinais gráficos usados no romance que apaixonou a virgula e o ponto e por ali foram vivendo em várias páginas e isolada ou conjuntamente em todos os escritos que a vida tece e sem se aperceberem que as forças próprias da velhice deixavam inclinados ora para a esquerda  ora para a direita as proposições e desenhando assim o sinal agudo (´) e o sinal grave (`) e já cansados duma vida ao serviço da escrita divorciaram-se  e preferiram uma vida singular porque os escrivas não usam tanto o casal  ponto e vírgula (;)  mas encontraram também uma espécie de virgulas nas nuvens que se chama aspas ou vírgulas suspensas (“) como aqueles que andam sempre nas nuvens e obviamente são primos das virgulas e não quiseram lutar pela igualdade que fecharam em parenteses ( = )

– a virgula (,) e o ponto (.) muitas vezes atuarão juntos (;)) ou sem acento (^) e sem a onda do mar (~) e foram felizes para sempre até hoje ou tudo o indica até ao infinito enquanto a escrita apesar das suas modernices dos aparelhos eletrónicos que substituíram as maquinas de escrever e as banirem dos textos o que seria um fim muito triste

– (‘Tradicionalmente, distinguem-se nos sinais gráficos: 1) Sinais ortográficos: acento agudo, acento circunflexo, acento grave, til, trema, cedilha, apóstrofo.        2) Sinais de pontuação: vírgula, ponto final, ponto e vírgula, dois pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação, aspas e aspas altas (ou comas duplas), parênteses curvos ou rectos, parágrafo. etc.). A importância de uma virgula é vital. Por exemplo nestas frases em que apenas se muda a localização da virgula: – Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria à sua procura; mas,       – Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria ele à sua procura.

Serafim Marques

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