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Colunistas

A estação agradável

Não é raro lermos colunistas queixarem-se que não têm que escrever. Muitas vezes estes dizeres, só por si, já, são uma crónica.

Isto multiplica-se nesta época de Verão a estiolar. A estação agradável.

Por sinal neste período tenho-me voltado mais para assuntos indefinidos: actualidade, crítica (e para mim crítica será sempre tudo o que não o perjúrio nem pejorativo, como se lhe teima fazer crer), observação daqui ou dali, daqui e dacolá, sobre isto, sobre aquilo, e sobre nada.

Parece que fiz um pacto com os alvos dos fazedores de opinião porque é matéria a que me tenho furtado, mas não garanto que seja deliberadamente. Porém não sei, se intuitivamente, para não sobrecarregar os meus leitores: eu, a Tuxa (minha cadela) e mais meia duzita deles, amigalhaços, a quem nem lhes pago o favor de me lerem.

Agora, e já lá vamos, de entre um casal, tenho um deles leitor confesso.

Aqueles – a malta que ainda lê, estão em férias. Convém mantê-los afastados daquilo com que levam um ano inteiro. Eu e a Tuxa, não temos férias.

Não lavro esta prosa barata – (sem prosa, sem vaidade nenhuma) por não ter que escrever. Tenho. Muito. Muitos e variados temas, todos com actualidade, mesmo para o (não) leitor desta estação agradável. Mas não me apetece. Ok. Não tenho tempo.

Mas não é nada raro termos assuntos pelos quais, ainda que nem agendados, jamais haveríamos deixar passar pela ideia escrevê-los. Por vários motivos. Vários. Diversos. Aqueles que nem traríamos a lume para ver em que parariam as modas, como diria Manuel Maria Barbosa du Bocage, enorme admirador de Luís de Camões, de quem o meu todo e tão saudoso pai conhecia imensas histórias de que me contava e segue o exemplo:

“Um mercador deu a Bocage um corte de pano para dele mandar fazer um fato como agradecimento de uma bela ode que o poeta dedicara pelos anos da filha do mercador. Bocage, que não tinha dinheiro para mandar fazer o fato, embrulhou-se na fazenda como se fosse uma manta. Passados oito dias vai agradecer a oferta ao mercador:
– Então, Bocage! – perguntou-lhe o lojista admirado! – Não mandaste fazer o fato?
– Hei-de mandar, hei-de mandar! – respondeu o poeta – Mas ando a ver primeiro em que param as últimas modas.”

Neste contexto não seria para o mais seráfico cronista e o mais eloquente e fértil, motivo de o deixar escapar. O cruzamento de circunstância com um casal que jamais levaria a supor tais coincidências.

A história até mete três canídeos: um pela trela da senhora, outro pela do senhor e a Tuxa por mim. A fazer jus àquela pré-ideia que um cão e, ou, uma criança originam muitos contactos, travar conhecimentos. Neste particular, o cruzamento começou por aí, é facto, mas num instante, e tudo naturalmente como, quiçá, estivesse combinado, a conversa deriva para os meios de comunicação social, e os circunstantes afirmam que me identificam e um deles confessa-se meu leitor. A coisa aí radica em várias curiosidades, entre os circunstantes, mas também para todos os outros (leitores) a contar comigo, e com a minhaTuxa, mas mantenho o suspenso, a sessão seguirá noutra altura, pois cumpro mesmo o lazer de férias, dos leitores quase inexistentes que agora, desapontados, vão, seguramente, reduzir.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

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