À guisa de um sonetinho, torto como este suposto
poeta que o escreve, a minha homenagem ao
Manuel Maria Barbosa du Bocage, a Portugal
e a todos os nossos irmãos lusitanos.
𝓔𝓛𝓜𝓐𝓝𝓞 𝓝𝓞 𝓡𝓔𝓣𝓞𝓡𝓝𝓞 𝓐 𝓟𝓞𝓡𝓣𝓤𝓖𝓐𝓛
(para António Raúl Reis)
.
Ó Gil, o que me fizeste, ingrato irmão?
Eu tão longe da minha gentil Lisboa
(no Rio, em Damão, Macau, Cantão e Goa)
e me roubaste de Gertrúria o coração?
Lutei tanto, fui soldado, fui tenente,
até doente estive em terras de Albuquerque.
Almejava sorte e glórias mas, moleque,
entreguei-me à boêmia vida no Oriente.
Seguindo a rota de Camões mundo afora,
busquei riqueza e glória n’outras terras.
De que valeu? Esforço vão… foi tudo embora…
Sem Gertrúria comigo, mais nada importa.
“Já Bocage não sou!…” Tudo se encerra
quando a esperança está morta.
Remisson Aniceto
do livro Para uma Nova Era, poesia & prosa, página 152
(Editora Patuá, 2019)