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Espetáculo de fado e dança viaja de França até à Irlanda

Um espetáculo que combina fado tradicional e dança contemporânea e que resulta da colaboração entre Zoë de Sousa e o pai Philippe estreia hoje internacionalmente em Londonderry, na Irlanda do Norte.

“Le Soupir de Sable” [O suspiro da areia], que vai estar apenas esta noite no The New Gate Theatre, nasceu há cerca de um ano em França, quando a jovem coreógrafa de 25 anos começou a explorar as origens portuguesas e como integrá-las nas suas criações. 

“Nunca me interessei pelo fado, mas foi uma coisa que me acompanhou desde pequena porque ouvia o meu pai a tocar com fadistas”, contou hoje à agência Lusa.  

No entanto, acrescentou, “depois de concluir estudos de dança no conservatório nacional de Paris, tive tempo para me interrogar sobre as minhas origens e o que pretendo fazer enquanto coreógrafa”. 

A formação em teatro físico e os ensinamentos do coreógrafo polaco Jerzy Grotowski (1933-1999), que põe ênfase no uso da voz, convenceram-na a experimentar com o fado.  

“Percebi que podia fazer algo com a minha voz e que esta tinha uma ligação ao meu corpo, o que que começou a ser algo importante para mim”, explicou. 

Para o luso-francês Phillipe de Sousa, 50 anos, que vive em França desde a infância, o interesse pelo fado também só surgiu na idade adulta, depois de se desenvolver como músico. 

Foi o tango argentino que o levou a “voltar a ouvir e a reviver o fado”, contou, e a estudar a guitarra portuguesa com Carlos Gonçalves, que acompanhou Amália Rodrigues. 

Nos últimos 30 anos, Phillipe de Sousa dedicou-se a este instrumento e acompanhou fadistas no circuito existente na comunidade portuguesa em França, sobretudo em Paris. 

“Adoro fado, mas sempre procurei fazer coisas fora para não ficar limitado aos códigos tradicionais, e este projeto faz parte dessa marginalidade”, salientou. 

A dança, explicou, permite “abrir um campo de criação mais contemporâneo para além da linguagem tradicional do fado”. 

A atuação em Londonderry faz parte do programa internacional do YES Festival, evento que culmina um projeto multidisciplinar e transeuropeu de dois anos para celebrar o centenário da publicação do livro “Ulisses”, de James Joyce, em 1922. 

“Odisseia Europeia Ulisses” passou por dezoito cidades europeias, incluindo Lisboa, tendo cada uma recriado um capítulo do romance. 

Depois de várias apresentações em França, esta é a primeira vez que este espetáculo de pai e filha vai ser apresentado internacionalmente, estando prevista uma atuação na Suíça em breve. 

Além do espetáculo normal desta noite, Zoë de Sousa vai cantar alguns fados no final, uma evidência de que o formato do espetáculo ainda está em evolução. 

A reação das audiências, dizem pai e filha, tem sido positiva, mesmo entre portugueses pouco habituados a espetáculos de arte contemporânea.

“As pessoas vêm porque se interessam ou pela dança ou pelo fado tradicional, e alguns são portugueses”, adiantou Zoë, o que resulta num “público diverso que se mostra muito emocionado”.

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