Passei de manhã no banco, tirei uma senha e fui atendida por uma menina cujo nome, gravado num crachá daqueles semi-dourados que se penduram nos bolsos dos blazers, era “Estagiário”.
Fiquei furiosa. Honestamente furiosa.
Lembrei-me do meu primeiro dia no @WorldBank e no quão bem-vinda fui. Comecei como estagiária, mas nos EUA os estagiários não são stamped como em Portugal.
Deram-me um badge que dizia “Consultora de Comunicação” e misturaram-me desde o início com os “grandes”.
E calma revolucionários, com grandes não pretendo dizer os poderosos mas sim os sabichões – aqueles que, para o bem ou para o mal, nos ensinam o modus operandi e nos permitem criar o nosso próprio.
Deixaram-me voar lá fora e hoje, naquele estabelecimento [ainda] estatal, percebi que por maiores que sejam os meus voos, o meu país continua pequenino.
Por isso é que olhei para aquela placa e fitei aquela jovem nos olhos: qual é o seu nome?, perguntei-lhe. E, ainda que espantada e a medo, disse-me como se chamava.
Voltei a fitá-la. A ela e à placa. E acho que talvez tenha percebido…
Uma pessoa, que não tem direito a nome nem género, num sítio onde todos os restantes trazem ao peito – nessa mesma plaquinha – a própria identificação.
É mesmo complicado ter nome em Portugal.