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Uma boa notícia

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A guerra na Ucrânia parece que nunca mais acaba, Israel anda outra vez à porrada com os vizinhos, o Benfica levou três na Champions de uma equipa vestida à Sporting. Sim, o momento está cinzento e parece não haver motivos para sorrir. Mas não se apoquente, que também há boas notícias e esta vem de onde menos se espera, Portugal.

Recentemente foi notícia que Portugal está em risco de perder fundos do Plano de Resiliência e Recuperação, vulgo a bazuca. Esta é objectivamente uma boa notícia, e só não é uma excelente notícia por dois motivos. Primeiro porque ainda há a possibilidade de Portugal, através do já costumeiro choradinho em Bruxelas, conseguir evitar a perda. E segundo, porque mesmo perdendo uma parte do dinheiro, infelizmente mesmo assim algum ainda chegará a Lisboa. Mas sejamos optimistas e olhemos para o copo meio cheio, Portugal pode receber menos dinheiro da UE. Se isto não é uma boa notícia, o que será ?

Se calhar pensa que estou a ser irónico, mas garanto-lhe que não. O guito da Europa, tal qual maná no deserto, está a entrar em Portugal non-stop desde a adesão, em 1986. E se no início podem ter tido um efeito benéfico, desde há muitos anos para cá que estou para perceber onde foi gasto. Contas feitas a olhómetro, desde 1994 que Portugal recebeu em média 2.5 mil milhões de euros por ano. De uma forma muito simples, todos os anos cada português fica 250 euros mais rico. Mas não é isso que se vê, Portugal é o calhambeque que vai pela auto-estrada fora a 60, enquanto todos os outros países o ultrapassam a 120. Parafraseando W.C. Fields, parece que gastámos o dinheiro em putas, vinho verde e o resto foi simplesmente desperdiçado.

Por isso talvez seja o momento de considerarmos a hipótese de os fundos europeus estarem a fazer mais mal do que bem. Eu compreendo bem que, do ponto de vista do governo, não haja interesse em recusar dinheiro grátis. Diferenças políticas à parte, um governo que diga não ao guito de Bruxelas fica com menos para investir em infraestrutura, funcionários, etc. E a diferença terá que vir, obviamente do bolso dos portugueses, via impostos. 

Mas este é exactamente o busílis da questão. Um governo que gasta dinheiro sem o consentimento dos cidadãos, é um governo que não serve o país. É muito fácil para um governo despejar 3 mil milhões (ou seja, um ano de fundos europeus) numa empresa falida como a TAP porque esse dinheiro não vem do bolso dos portugueses. Os socialistas pedro-nunistas que me leem até podem achar que foi uma boa decisão. Mas o facto é que a indiferença da população perante essa decisão só foi possível porque o dinheiro não lhes saíu do bolso.

Este é o cerne do problema dos fundos europeus. Da torneira aberta em Bruxelas, bebemos para esquecer as más decisões. Só que com a mais que possível adesão da Ucrânia, da Albânia e outros países do Leste que ainda não conseguiram fugir das garras do urso russo, a torneira que agora jorra vai-se fechar. E não há stock de guronsan suficiente em Portugal para enfrentar a ressaca que se advinha. 

Nelson Gonçalves

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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