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Preciso de uma relação física

Preciso de uma relação física,
o Inverno está a chegar, e não, não quero o mais fofo (ou imundo) cão.

Quero o cão sem fome, mas não quero o fofo (ou imundo) do cão.
O cão sem fome, já me sustenta a mim um pouco,
Sem nos dar grande troco.

E para que haja Paz, atiro-lhe ao ar um pau,
ou um osso, que seja mais justo do que eu.

Sou eu, és tu sempre bela, duas pessoas com mais de um metro
e meio, duas bocas demoradas, quentes e lentas,
para com tenro amor alimentar.
Seremos assim tão egoístas?

Se o cão ladra, tem fome.
Se as crianças choram ou os poetas fingem ser inquietos,
desleixados e tontos,
precisam da Mãe.

O pai que se lixe. É um cão rafeiro, ao relento, num pé de escada.
Atiro-lhe um pau ao ar, mas não há Paz.
Só há fingimento. E lágrimas, que correm pela face,
no mais terno e embalado dos berços.

No Natal deem-me uma campainha [Amazon Ring],
É tudo o que eu quero, trim-trim…
Ver-vos chegar,
E eu: vos poder receber, de chinelos. Feliz, como uma criança fica, no Natal.

Tenho medo do escuro. Há muito tempo.
É o meu coração, ele bate. Não é seguro.
Ele brilha, tem verniz e esmalte.
Se vem um gatuno ou invejoso, dá cabo dele. Não posso.

Tu não sabes, mas sabes quase tudo,
especialmente o que eu não disse,
Como a cesta vazia castiça, e tudo o que entre nós não existe,
tu sabes. Eu também sei, pelo menos duas coisas sei,
é bem complicado e é bem simples:
– Vamos começar de novo, um dia destes?

Preciso de uma relação física,
Quero ter-te ao pé de mim. Curtir contigo.

No meu ideal, o grupo é também um anel,
Mas é em seres social que consigo ser original.

Todos diriam que és louca, num outro dia do mês,
Hoje todos teriam orelhas moucas da mais fina louça,
Porque somos muitas coisas, sem pedir,
e, sem dúvida, amadores profissionais
para a vida toda.

Exímios na arte de Amar,
Sem ser exíguos na bela da sensualidade,
dos filmes que gostamos.

O esboço, os parcos desenhos da resposta. O meu filme preferido,
na caixa de correio.

A falta que faz uma pessoa como tu.
Aqui, para mim. E em toda a parte, no éter, no prazer sideral,
dos corpos.

Horas, e horas sem fim,
Estarás aqui para mim. Eu espero.

Como se eu não soubesse.
Ou não te pudesse ou quisesse saber, quase de cór.

Depois, poderei te dizer o que eu quiser.
Se Deus nos deixar, claro. É trivial.

-“Chiu, estás a presisar de mais ASMR…”

Esse amor?
Sim, é este amor.

Já viste um papagaio mesmo verde, verde marinho?
Mesmo amarelo, amarelo matinal?
E mesmo azul, azul real, da cor do céu?

Aqui, no escuro? Sem te ver?! Terás enlouquecido?

Se fosse o nosso caminho como o Pão Nosso,
E ainda mais ébrio o canto e claro o raiar do dia,
Caía um pedaço invisível do céu,
Nas nossas tão esmeradas e empenhadas mãos de terrina.

(Eu sei, nunca serás para mim. Os corpos são mesmo tolos. A razão, essa, é celestial.)

Jamais, jamais.

Daniel Alexandre

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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