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Portugueses de França homenagearam Baptista de Matos

Família, amigos e associações portuguesas em França homenagearam no sábado, em Paris, o comendador Baptista de Matos, tendo elogiado a sua luta pelos direitos dos trabalhadores e dos imigrantes portugueses.

A homenagem realizou-se no Museu Nacional da História da Imigração, em Paris, onde Baptista de Matos é o rosto dos imigrantes portugueses em França, tendo oferecido objetos que contam a sua história em França e dando o seu testemunho em vídeo, contando os 55 anos que passou no país.

“Conheci o José [Baptista de Matos] em 1987, quando lutou contra a expulsão massiva de imigrantes sem papéis. Nesse momento, os portugueses lembraram-se que tinham chegado a França a salto. Formámos então o ‘Coletivo Português por uma Cidadania Plena’ e participámos em várias manifestações pelos direitos dos imigrantes em França”, relembrou Manuel Tavares, amigo do comendador Baptista de Matos, durante a homenagem.

Baptista de Matos chegou a França em 1963, tendo trabalhado toda a sua vida na construção das linhas do Metro e dos comboios suburbanos que servem a capital francesa. Saído de Portugal para fugir à ditadura, o então jovem português envolveu-se logo em 1968 nas manifestações estudantis, juntando-se aos jovens da Sorbonne para reclamar mudanças urgentes na sociedade francesa.

“José é um cidadão do Mundo. Para nós, a família, fica o seu sorriso e o otimismo contagiante, a defesa dos valores justos que misturam a utopia e a realidade, aqueles que dão vontade de existir e ânimo de viver”, disse o filho Rafael, perante uma plateia repleta.

Mais tarde, envolveu-se nas lutas sindicais e também na afirmação da comunidade portuguesa em França, criando mesmo a ‘Association des Portugais de Fontenay sous Bois’, vila nos arredores de Paris onde viveu desde 1965. Em 1982, José Baptista de Matos fez construir em Fontenay sous Bois o primeiro monumento em homenagem ao 25 de abril fora de Portugal, chamando todos os anos figuras da revolução para partilharem as suas vivências com a comunidade portuguesa.

“Entre 1975 e 2018, encontrámo-nos centenas de vezes e quisemos refazer o mundo. Partilhámos valores como os direitos dos trabalhadores e dos imigrantes em França. Ele sempre foi muito apegado aos valores de abril e também à língua de portuguesa e à cultura popular. E, acima de tudo, à importância da memória e como ele prontificou a contribuir para o Museu assim que lhe falei da ideia da sua criação”, afirmou Manuel Dias Vaz, sociólogo, membro do conselho de administração do Museu Nacional da História da Imigração e um dos organizadores da homenagem.

Como alguém que se distinguiu dentro e fora da comunidade portuguesa, os testemunhos lembraram também como sempre aproximou culturas distintas.

“Ele fazia parte dos cidadãos que se distinguem pela força do seu compromisso. Ele queria que todos pudessem viver em conjunto e não apenas lado a lado. Ele era uma figura da comunidade portuguesa, mas também da nossa cidade. Um filho de mineiro que, pela sua ação, se tornou uma referência na imigração portuguesa em França”, mencionou Marie-José do Rosário, vice-presidente da Câmara de Fontenay sous Bois e luso-descendente.

Em 2012, Baptista de Matos recebeu do Estado português a Comenda da Ordem Nacional de Mérito e, em 2018, a Medalha da Cidade de Fontenay-sous-Bois.

Marcaram ainda presença na homenagem Jorge Torres Pereira, embaixador de Portugal em França, João Alvim, cônsul-geral adjunto no Consulado Geral de Portugal em Paris, e associações portuguesas como a ‘Coordination des Collectivités Portugaises de France’, ‘Association Memória Viva’, ‘Association Genériques’, ‘Association des Portugais de Fontenay sous Bois’ e o ‘Comité Français Aristides Sousa Mendes’.

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