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Porque é fundamental termos pensamento próprio e aceitação da diferença em sociedade

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Dadas as dificuldades evidentes de pensamento próprio profundo e bem articulado da maioria de nós, é preciso haver transparência e “resoluções” para proteger a população da repetição de atrocidades da nossa história, pois entre extremas direitas e extremas esquerdas, ambas são doentes, tóxicas e bloqueiam a individualidade e responsabilidade de cada um.

O que mais noto com a minha experiência de 20 anos em sessões individuais, é que é difícil para a maioria das pessoas pensarem o que é melhor para elas por causa do que os outros pensam, ao ponto de algumas se anularem nos seus sistemas ou grupos. Como consequência, essa atitude leva a sofrimento e ressentimento, o que vulnerabiliza para a psicopatologia. Não admira que tenhamos, depois, 1 em cada 5 portugueses a sofrer de doença mental, ou seja, 20% da população portuguesa (Health at a Glance 2018).

Em 19 de Setembro último, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que coloca os regimes políticos ditatoriais do comunismo e nazismo em pé de igualdade, condenando ambos os regimes por terem cometido “genocídios e deportações e foram a causa da perda de vidas humanas e liberdade em uma escala até agora nunca vista na história da humanidade” (https://observador.pt/2019/10/15/parlamento-europeu-aprovou-resolucao-que-coloca-nazismo-e-comunismo-em-pe-de-igualdade/?fbclid=IwAR3-mGC9hn68MyccUXpdzxV1RMBSbp26mclBgK6d4mjoRGSd5i4oRyd_awM ).

Citando o jornalista polaco Ryszard Kapuscinski, segundo o ABC, “se pudermos estabelecer a comparação, o poder destrutivo de Estaline era muito maior. A destruição levada a cabo por Hitler não durou mais de seis anos, enquanto o terror de Estaline começou na década de 1920 e prolongou-se até 1953”.

Apesar das múltiplas opiniões que possam existir, os dados objectivos são factuais pelo que ignorar a evidência não só é patológico, como aumenta o risco da história se repetir, porque sem memória, a consciência não surge e os comportamentos tendem a repetir-se.

Quando nos anulamos por causa dos outros, por ideologias ou grupos, deixamos de existir como seres individuais e perdemos capacidade própria. Bom senso, capacidade de articulação dialógica do pensamento e maturidade emocional, são três âncoras fundamentais para evolução social.

O que é certo é que, quando lemos de forma profunda e bem articulada sobre a história da humanidade, nunca houve um mundo tão bom como o actual. A própria evidência científica dos vários estudos sobre pobreza mundial e problemas sociais mostram isso mesmo. Cito que “pela 1ª vez em mais de 10 mil anos, quando a civilização humana baseada na agricultura começou, a população pobre ou vulnerável não é mais a maioria no mundo. De acordo com relatório da World Data Lab, a classe média agora domina o ranking, com cerca de 50% dos habitantes na Terra –ou quase 3,6 bilhões de pessoas”(https://www.poder360.com.br/internacional/pela-1a-vez-na-historia-50-da-populacao-mundial-e-considerada-de-classe-media/).

Estamos a evoluir de forma significativa e o debate de ideias, com o verdadeiro pensamento próprio e ensino socrático (nunca doutrinário como muito se tenta erradamente hoje também), é o que nos evolui a todos. O poder de reflexão deve ser de todos e não centralizado, pelo que sem capacidade individual de auto-análise, seremos meros reprodutores e nunca criadores do nosso próprio caminho ou originais.

Em termos sociais, acredito que maturidade e bom senso é estarmos num modo estável flexível, não baseado em categorias cegas ideológicas, de embalagem à esquerda ou direita, mas acima de tudo, mas acima de tudo com capacidade de conhecermos as pessoas e o seu pensamento, nessa zona de consensos. São geralmente estes os líderes da história que hoje nos servimos como exemplos e resultou no mundo que hoje temos.

 

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