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Pedro Rupio destaca papel de Linda de Suza junto das comunidades

© Lusa

O presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa (CRCPE), Pedro Rupio, enalteceu o papel da cantora Linda de Suza – que morreu esta quarta-feira, aos 74 anos – na emancipação da comunidade portuguesa em França, que “na altura enfrentava condições muito mais adversas”.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Rupio disse conhecer a importância da cantora, cuja “mala de cartão” simboliza a emigração “a salto” nos anos 60 e 70 do século passado, que teve sucesso num país onde muitos portugueses viviam em condições extremamente difíceis, nomeadamente nos famosos ‘bidonville’ (bairros de lata).

“Se há uma coisa que nunca mais se viu e que existia no tempo em que Linda de Suza emigrou para França foram os ‘bidonvilles’. É uma grande diferença”, observou.

Referindo-se à emigração a que Linda de Suza acabou por dar o rosto, Rupio indicou que os anos 60 e 70 do século XX tinham pouca emigração qualificada, ao contrário dos dias de hoje.

Contudo, o presidente do CRCPE sublinha: “Ainda assim, em muitos países da Europa continua a assistir-se à chegada de portugueses pouco qualificados e que enfrentam várias precariedades nos primeiros tempos nos países de acolhimento”.

Pedro Rupio reconhece a importância de figuras como Linda de Suza, com sucesso no país de acolhimento, e que ajudam a matar as saudades do país de origem.

Linda de Suza emigrou em 1970 para França, onde fez carreira na música.

Nascida em 1948 em Beringel, no concelho de Beja, Linda de Suza estreou-se como cantora no restaurante Chez Loisette, em Saint-Ouen, a cerca de 6,5 quilómetros a norte de Paris, onde foi descoberta pelo compositor André Pascal (1932-2001) que a apresentou, posteriormente, ao compositor Alex Alstone (1903-1982).

A etapa seguinte foi a apresentação na televisão, no programa “Rendez-Vous du Dimanche”, de Michel Drucker, onde interpretou a canção “Un Portugais” (Vine Buggy/Alex Alstone), cujas vendas do ‘single’ atingiram o Disco de Platina em França em 1979.

A cantora assinara, entretanto, contrato com a discográfica Carrere, depois de recusada pela Barclay, e estava lançado o mote da sua carreira com “Um Português (Mala de Cartão)”, no qual cantou os lamentos da saudade de quem deixou o país, seguindo-se o ‘single’ “Uma moça chorava”.

Linda de Suza tornou-se a cantora da comunidade emigrante portuguesa, cantando as suas dificuldades e saudades, em temas como “J’ai deux pays pour un seul coeur” ou “La Symphonie du Portugal”. No seu repertório incluiu temas do cancioneiro popular como “Lírio Roxo” e “Malhão, Malhão”, e gravou “Coimbra/Avril au Portugal”.

A cantora atuou em Portugal em 1979 e continuou a bater recordes de vendas na década de 1980, publicando o álbum “Amália/Lisboa” e ‘singles’ como “Canta Português”, “L’Etrangère” ou “Comme Vous”.

A sua história foi adaptada à televisão numa minissérie intitulada “Mala de Cartão” (1988), protagonizada por Irene Papas (1919-2021).

Linda de Suza passou por contratempos pessoais que tiveram eco na imprensa: em 2010, tornou públicas as suas dificuldades financeiras e acusou o companheiro de lhe roubar a identidade; na época, afirmou que vivia com cerca de 400 euros mensais. Contudo, voltou aos palcos e, entre 2014 e 2017, realizou várias digressões.

Em 2020, apresentou um novo projeto, “Postais de Portugal”, com o qual preparava nova digressão que a pandemia de covid-19 obrigou a cancelar.

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