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Paulo Sande ou a escolha que desafia o partidarismo em Portugal

Um dos principais desafios da democracia Portuguesa, 44 anos após o 25 de abril, consiste na abertura do sistema político, mais concretamente do sistema partidário a novos intervenientes. O objetivo tem de ser claro e assumido pelas diversas forças partidárias: integrar nas suas fileiras elementos da sociedade civil que demonstrem o mérito e as capacidades para abraçarem a causa pública.

Em oposição ao carreirismo político, assuma-se o mérito e a escolha de independentes para o exercício de cargos públicos. Em oposição à teia partidária, vislumbre-se no domínio da pólis, os elementos capazes de desenharem novas políticas e novos programas. Não é, seguramente, uma opção fácil, uma vez que vai ao arrepio de mais de 4 décadas de partidocracia em Portugal. Mas é o caminho que se exige a uma sociedade moderna, livre e assente no mérito.

A recente escolha da Aliança vem lançar um novo paradigma neste domínio. A opção por Paulo Almeida Sande reflete um desafio e uma oportunidade para o sistema político português. Um desafio, face à menor notoriedade do candidato e à falta de experiência do mesmo em “combates eleitorais”, uma oportunidade face à clareza do discurso e ao conhecimento que Paulo Sande tem sobre as matérias europeias.

Com um curriculum acima de qualquer crítica e uma vida profissional dedicada a estudar e trabalhar em assuntos europeus, Paulo Sande surge como “a escolha natural” de um partido que se afirma como a força motriz de um novo paradigma na política portuguesa. O desafio é claro, afirmar uma nova voz na Europa, considerando que o caminho exige rigor, trabalho e uma postura mais interventiva na defesa dos interesses de Portugal na Europa.

O palco da política deve reservar espaço privilegiado para o mérito, abandonando velhos hábitos caciqueiros e abraçando a competência e a honestidade como valores intrínsecos à defesa da causa pública.

Nos últimos 40 anos a democracia Portuguesa viveu “amordaçada” por um sistema fechado e alheado da realidade social. O longo caminho da democracia Portuguesa foi sendo pautado por um jogo de interesses político-partidários, em vez de uma atitude condicente com a necessidade de aproximar Portugal da realidade europeia. O falhanço da coesão social e económica no espaço comunitário constitui o verdadeiro sinal de alerta para os próximos tempos.

As eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2019, irão ser marcadas por uma crescente dicotomia entre os euro-entusiastas e os eurocéticos, sendo que o caminho exige um misto de cautela, perante o reforço de forças políticas populistas e extremistas em alguns países e o vazio de lideranças construtivas nos centros de decisão, e de ambição, na defesa do projeto europeu e da valorização da história e da unicidade de cada Estado.

Nunca o lema comunitário fez tanto sentido. A União deve ser feita com base na diversidade, com base no respeito pelas diferenças. O caminho deve ser o da solidariedade entre os povos da Europa.

Nunca umas eleições para o Parlamento Europeu foram tão decisivas para o futuro do projeto comunitário. Este é o momento que exige a ação e a intervenção cívica de todos os cidadãos. O momento de exigir e afirmar uma nova atitude na Europa, capaz de promover uma verdadeira política de solidariedade entre os povos e garantir a coesão económica e social. Desta vez, todos os votos contam!

Bruno Ferreira Costa

Professor Auxiliar da Universidade da Beira Interior

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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