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Palma de Ouro de Cannes vai pela terceira vez para uma realizadora

© DR

O júri da competição do Festival de Cannes, presidido pelo realizador sueco Ruben Ostlund, que liderou uma equipa de oito jurados, Julia Ducournau, Atiq Rahimi, Damian Szifron, Rungano Nyoni, Maryam Touzani, Paul Dano, Denis Ménochet e Brie Larson, atribuiu sábado à noite o palmarés da 76ª edição do Festival de Cannes.

O vencedor é “Anatomie d’une chute”, de Justine Triet, uma Palma de Ouro francesa dois anos depois de “Titane”, de Julia Ducournau, e de novo premiando uma cineasta. Triet lançou, ao receber a palma, uma declaração contra o governo francês e a reforma da idade das pensões, acusando o executivo de estar a destruir o cinema e a sociedade.

“Anatomie d’une chute” deve o seu título a “Anatomia de Um Crime”, um dos mais célebres filmes de tribunal da história do cinema, assinado por Otto Preminger. E o que mais impressiona na obra de Triet é a atenção minuciosa a cada detalhe da investigação e o seu aturado trabalho forense. A cineasta vai analisar com precisão os aspetos mais obscuros da vida de um casal que continuava a partilhar casa apesar das frustrações, dos problemas éticos e dos pensamentos medíocres (ciúmes, remorsos…) que estavam a destruí-los sem que eles se dessem conta.

Cannes premiou a ouro a autópsia de uma vida conjugal, mas houve mais vidas dessas no palmarés. “The Zone of Interest”, do britânico Jonathan Glazer (e obra apontada como a favorita pela generalidade da imprensa internacional), visita o horror do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau a partir de um livro do recém-falecido Martin Amis. Ficamos expostos ao quotidiano familiar de Rudolf Höss, diretor de Auschwitz, que vive com a mulher Hedwig (também interpretada por Sandra Hüller – este foi o festival dela!) e os cinco filhos louros-arianos numa casa ampla e ajardinada, paredes meias com o campo de extermínio. Um filme perturbante e polémico.

“La passion de Dodin Bouffant”, filme francês realizado pelo vietnamita Tran Anh Hung, com Juliette Binoche e Benoît Magimel, é um fabuloso filme de culinária com diversos pratos que são preparados à nossa frente, com o savoir faire de quem sabe. Passa-se na França dos finais do século XIX.

O momento alto da noite, patrocinado pela presença de Quentin Tarantino em Cannes, foi a chamada ao palco de Roger Corman, figura tutelar do cinema independente americano. Corman continua impecável do alto dos seus 97 anos!

Wim Wenders e Nuri Bilge Ceylan mostraram filmes muito importantes e com nível para a Palma. Foram justamente recompensados pelo reconhecimento dos seus intérpretes num palmarés que não esqueceu Aki Kaurismäki, o último romântico da classe operária.

PALMARÉS

PALMA DE OURO
“Anatomie d’une chute”, de Justine Triet

GRANDE PRÉMIO
“The Zone of Interest”, de Jonathan Glazer (EUA/Reino Unido/Polónia)

MELHOR REALIZAÇÃO
Tran Anh Hung por “La passion de Dodin Bouffant” (França)

MELHOR ARGUMENTO
Yûji Sakamoto por “Monster”, de Hirokazu Kore-eda (Japão)

MELHOR ATOR
Kôji Yakusho por “Perfect Days”, de Wim Wenders (Japão/Alemanha)

MELHOR ATRIZ
Merve Dizdar por “About Dry Grasses”, de Nuri Bilge Ceylan (Turquia/França/Alemanha/Suécia)

PRÉMIO DO JÚRI
“Fallen Leaves”, de Aki Kaurismäki (Finlândia/Alemanha)

CAMÉRA D’OR (MELHOR PRIMEIRA OBRA)
“Inside the Yellow Cocoon Shell””, de Thien An Pham (Vietname/França/Singapura)

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