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Obra Católica Portuguesa de Migrações contra “medo, preconceito e violência”

A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) quer combater o estigma em torno dos migrantes, “vencer o medo, preconceito, indiferença e violência contra migrantes e refugiados”, assinalando a necessidade de os envolver na “reestruturação geográfica e jurídica” das comunidades.

“Numa perspetiva de uma participação mais representativa e consciente na vida social e eclesial, comprometemo-nos: a formar lideranças cristãs; a favorecer a presença de migrantes nos conselhos pastorais paroquiais e diocesanos, conselhos económicos paroquiais, conselho nacional de estrangeiros e associações da Sociedade Civil”, assinala um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, no dia em que termina o encontro de Missionários da Diáspora de Língua Portuguesa na Europa, que decorreu, desde o dia 28 de novembro, na Alemanha.

‘Interculturalidade: Orientações Pastorais e Perspetivas de Futuro’ foi o tema que reuniu 45 agentes pastorais, entre padres, diáconos, religiosas e leigos, de diferentes nacionalidades – portugueses, brasileiros, angolanos, holandeses e moçambicanos – que “acompanham as comunidades lusófonas na Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Portugal e Suíça”.

A mobilidade humana marca o continente europeu conferindo-lhe “diversidade em “religiões, culturas, diferenciação de itinerários migratórios” mas também um “crescente nacionalismo que estigmatiza os mais vulneráveis”.

Reconhecendo que a Igreja na Europa atravessa um “processo generalizado, complexo e difícil” na reestruturação das “estruturas diocesanas e recursos humanos e financeiros à disposição”, os agentes de pastoral afirmam a necessidade de uma relação estreita com as comunidades da diáspora e com as congregações religiosas, organizações não-governamentais, “com vista à partilha de experiências espirituais, troca de boas práticas de interculturalidade e análise do processo migratório sempre mais marcado por tensões entre povos, comunidades e grupos políticos”.

“A Igreja é uma comunidade em grande mutação cultural devido à galopante secularização pós-moderna, às mudanças políticas na UE e à situação económica provocada pelas várias crises: migratória, pandémica e energética”, reconhecem.

Nesse sentido, a mobilidade humana deve ser encarada como “uma ocasião providencial para a revitalização da vida eclesial e missão da Igreja no mundo. Os migrantes são artífices de novas relações à luz da Teologia da Comunhão, e agentes de renovação, diante da urgência de uma nova pastoral vocacional. Na Europa não haverá futuro para uma Igreja ministerial e sinodal sem os migrantes”, assinala.

Os agentes de pastoral migratória lembram os “náufragos no Mediterrâneo e no Canal da Mancha, os violentados nas fronteiras da rota balcânica, as mulheres e homens traficados e explorados na agricultura e trabalho doméstico, as famílias refugiadas de guerra na Europa” e elegem os que sofrem com a “tragédia do processo migratório” como os que devem “servir”.

“A Igreja, pela sua experiência universal e específico magistério para a mobilidade humana, desafia-nos, a ser uma modesta e humilde presença em situação de minoria, eficaz e desafiante laboratório de interculturalidade, atelier de coesão, amizade e paz social para a sociedade”, pode ler-se.

O encontro, que quis fazer memória “grata” de D. Daniel Batalha Henriques, bispo responsável pela pastoral das migrações, recentemente falecido, celebrou os 60 anos da OCPM e contou com a presença de Mário Almeida, do Dicastério da Santa Sé para o Desenvolvimento Humano Integral e de Lucas Schreiber, diretor nacional do Serviço da Pastoral das Migrações da Conferência Episcopal da Alemanha.

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