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O Orçamento de Estado e os radicais

O Orçamento de Estado para 2021 foi aprovado com os votos favoráveis do PS e a abstenção do PCP, do PAN, do PEV e das duas deputadas Não Inscritas. O país e os portugueses precisam muito deste orçamento para dar resposta à grave crise económica e social provocada pela pandemia, para proteger os mais pobres e a saúde, as empresas e as famílias, e fazer face aos tempos de incerteza que estão no horizonte.

O que é surpreendente e causa perplexidade é a retórica inflamada dos partidos de direita, cada vez mais radicalizados e intolerantes, cada vez mais encostados ao “Chega”, o que é um deplorável sinal de erosão da nossa democracia. Estes partidos da direita ainda não perceberam que aquele partido extremista é um parasita da democracia, que faz da provocação e da manipulação a sua forma de estar na política e da procura do caos, da confusão e da desinformação objetivos da sua ação.

Mas o que é igualmente surpreendente é o BE ter abandonado o barco quando o país mais precisava de estabilidade, ter renegado ao sentido de Estado quando era mais importante que nunca haver cooperação e entendimento, depois de durante cinco anos ter contribuído para colocar o país num caminho do desenvolvimento, da recuperação de direitos e do prestígio internacional.

O Bloco, mais uma vez, no momento mais crítico das nossas vidas, colocou-se ao lado da direita, e fez-lhe o jeito de dividir a esquerda. Perante um orçamento de combate a esta crise profunda que já dura há 9 meses, abandonou o país e os portugueses e justificou a sua decisão de desertar com uma retórica inconsequente que não cola com a realidade. Percebe-se claramente que, quando afirma que queria outro orçamento, apenas o faz para poder cumprir a sua natureza de partido anti-sistema, que só está bem na contestação, inútil para a procura de soluções para os problemas.

O isolamento do BE à esquerda é uma opção que já teve um preço elevado em 2011, em tempos de crise económica e financeira muito profunda. Tal como agora, só que agora é pior. Até parece que não aprendem nada com a história.

Paulo Pisco

Deputado do PS

 

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