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O espéculo da questão

Volta e meia se fala que se não pode entrar numa crise política – por isto, aquilo e aqueloutro, sobretudo na actual conjuntura pandémica. Desde que seja para, exactamente, criar instabilidades, lembrar, acirrar os ânimos. E Marcelo Rebelo de Sousa vai lembrando isso.

Falou-se há pouco tempo quando Marcelo se aproximava do limite constitucional que o impede de dissolver a Assembleia da República.

É um governo, é um presidente que mal toma posse, imediatamente se colocam questões do tipo se se vai recandidatar – aos níveis nacional e internacional, pois foi também com Trump.

Se não houver um facto verosímil, um motivo, tem que se inventar um que, mais que alimentar papel, televisão ou redes sociais, cria instabilidades. Em Portugal já assim foi com Cavaco Silva quando se alimentou ao limite da gula o tão prosaico tabú.

Claro que com Cavaco as coisas eram muito diferentes. A mediatização foi-lhe estendendo a passadeira vermelha era ainda Primeiro-Ministro, gizando-se-lhe pela Comunicação Social um destino que ambicionava, é certo, mas que se não respondesse à candidatura da presidência da República seria imensamente dramático.

Por isso eu digo algumas vezes que os calendários políticos são vulneráveis. São complicados, imprevisíveis porque muda tudo num pequeno núcleo e ao derredor. – O próprio circunstante pode querer tomar aquele rumo, mas o tempo, algumas posições decorrentes da acção política, ainda que sejam boas – chegada a horinha de decidir – está bem, meus amigos! Mudou a horinha, mudou tudo.

Foi também com Rui Rio, que para contornar o tempo tornou-se extemporânea a candidatura a Belém, e teve que rumar à presidência do PSD.

Marcelo Rebelo de Sousa mal tinha começado o seu mandato na presidência da República, já se colocava a questão se haveria de se recandidatar, e o mesmo aconteceu com Trump, embora eu perceba que com Trump foi com a ânsia de se querer emendar a mão, porque realmente fora eleito.

Com António Costa, afigura-se no calendário actual, que nos leva a pensar que daqui a cinco anos, quando Marcelo terminar o segundo e último mandato – imposto pela lei – colocar-se Costa na linha de partida à candidatura a Belém, e creio que bem sucedida, mas, reitero, no actual calendário.

Até porque ainda é novo. Se nessa data, nessa conjuntura, se lhe não for favorável, recordo que continua novo, poderá sempre candidatar-se daqui a dez anos, ainda que tenhamos que contar que não há tradição de um Presidente da República não cumprir o segundo mandato, e o que fará o actual Primeiro-Ministro até lá.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

 

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