É tudo tão igual nos lugares vazios
As palavras com que escrevo
Constroem um espaço
Onde todas as coisas se conjugam!
Arrasto-me pelas ruas desta cidade cinzenta
A neblina da manhã beija-me o rosto
E o desalento!
O corpo avança nos traços do passado
A memória é tão vasta
A saudade tão espessa!
Avisto ao longe a torre Eiffel
Onde um dia contemplei do alto a cidade de Paris
Contigo abraçado a mim!
As sombras da cidade lambem-me o que resta desse abraço
A neblina sussurra-me as palavras que nunca te disse!
Foram tantas as migrações do corpo
O silêncio espesso
A apartar-nos os corpos e a vontade
Nunca nos foi dado um lugar de pertença
O meu corpo foi sempre um lugar desabitado!
Nunca criei raízes nos países onde me perdi!