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Lotaria da Diversidade lançou carreira do ator Filipe Valle Costa nos EUA

Um golpe de sorte na Lotaria da Diversidade dos Estados Unidos, que o Presidente norte-americano, Donald Trump, pretende eliminar, abriu as portas de Hollywood ao ator português Filipe Valle Costa.

O ator foi escolhido para ser um dos protagonistas da série de televisão “Snowfall” do canal FX, no papel do mexicano Pedro Nava. A série acaba de estrear a segunda temporada nos Estados Unidos e levou Filipe Valle Costa, de 31 anos, a mudar-se de Nova Iorque para Los Angeles para perseguir a carreira de ator em Hollywood.

A sua permanência no país após terminar os estudos “não teria sido possível”, disse o ator à agência Lusa, se não tivesse sido um dos contemplados com a autorização de residência permanente atribuída na Lotaria da Diversidade, que o país organiza todos os anos.

“Consegui o ‘green card’ na lotaria”, revelou o ator português, que aparece em cartazes de promoção a “Snowfall” por toda a cidade de Los Angeles.

A Lotaria da Diversidade atribui anualmente 50 mil cartões de residência permanente (‘green cards’, em inglês) a candidatos de dezenas de países, incluindo Portugal.

No caso de Filipe Valle Costa, “foi mesmo a tempo”, já que estavam esgotadas as autorizações de permanência que conseguira primeiro para Iowa, onde esteve com uma bolsa escolar de desporto, e depois para a Flórida, onde tirou um mestrado de três anos.

“A única forma de ficar neste país como ator, além do visto de artista que existe e é limitado, era a Lotaria”, explicou.

De acordo com estatísticas da agência The American Dream, nos últimos cinco anos houve 291 portugueses que conseguiram o cartão de residência neste sorteio. Só no ano passado foram 85, número que este ano desceu para 30.

A Lotaria da Diversidade é um dos programas que o presidente Donald Trump pretende eliminar no próximo pacote de reformas da imigração, onde quer ver incluídas outras alterações e financiamento para construir um muro ao longo da fronteira com o México.

Filipe Valle Costa, também fundador e codiretor artístico do Saudade Theatre, afirmou que sente “pela primeira vez” desde que chegou aos Estados Unidos “um desconforto” relativo ao estatuto de imigrante.

“A vida, a nível objetivo e concreto, não mudou para mim, mas existe uma atmosfera e uma nuvem bem escura por cima de tudo”, afirmou, acrescentando: “Uma pessoa, pouco a pouco, vai-se sentindo menos bem-vinda”.

O ator sublinhou que há um esbater da ideia de “país dos sonhos” com que cresceu, e que foi muito forte “especialmente nos anos do Obama”, anterior Presidente dos EUA (2009-2017).

Denominado Diversity Visa Program em inglês, o sistema de lotaria foi aprovado pelo Congresso norte-americano em 1990 com o objetivo de diversificar a população imigrante nos Estados Unidos, na altura com apoio bipartidário.

Donald Trump pediu o fim do programa por ser aleatório e disse querer introduzir um sistema exclusivamente “baseado no mérito”.

A eliminação da lotaria faz parte de várias alterações pedidas pelo Presidente – a administração também pretende acabar com a possibilidade de patrocinar a permanência no país de familiares diretos, apesar de os pais da primeira-dama, Melania Trump, terem conseguido a cidadania americana esta semana através desse mecanismo.

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