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Do álcool e do tombo

Ao beber de forma desmedida,
o acanhado se torna bastante atrevido.
Escancara o riso, antes escondido,
a cada dose que é consumida.

O álcool parece ser coisa muito boa,
faz a gente falar e agir de improviso,
ficar alto e subir; voar, rindo à toa…
Ele dá muita coragem e nos rouba o juízo.

O bêbado crê que está sempre certo
e afirma que só ele é o dono da razão.
Cai, levanta, vai tropeçando, incerto,
e se é velho até remoça: vira rapagão.

Domina qualquer assunto quem se embriaga,
tudo sabe quem se enche de cachaça.
Mas seu papo furado na bebida naufraga,
virando alvo do riso e de toda a chalaça.

Quanto mais se bebe, maior é a queda
de quem se encharca de pinga.
E todo mundo do mamado se arreda,
tapando o nariz pra fugir da catinga.

Muita gente que se acha deslocada,
pensa que bebendo vai ficar mais bacana.
Sai do trabalho na sexta direto pra balada
e joga fora o dinheiro de toda a semana.

Cada bebum tem o seu singular repertório,
termos e palavras bem engraçadas.
Com a língua solta, solta o seu palavrório,
resmunga tanto e diz nada com nada.

Eu não quero, a mim não me convém
quebrar a cara e o nariz, ficar cheio de rombos,
levando rasteira de quem nem perna tem.
Dispenso a bebida, a dor da ferida e a vergonha do tombo.

Deus me livre ser chamado de esponja,
que espremida vai soltando o seu encardido.
E nem me agrada, de quem bebe, a falsa lisonja,
o gracejo, o abraço, o seu beijo fedido.

Um copo de pinga nada me acrescenta.
Do álcool não preciso pra soltar o meu riso
e viver na razão é o que me sustenta.
Prefiro estar sóbrio a perder o juízo.

Eu quero sim ficar embriagado,
mas bebendo da forma mais louca,
beber pra cair, morrer até, envenenado
no doce néctar da tua boca.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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