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Costa de Caparica com falta de banhistas

A bandeira que indica a lotação ainda não saiu da cor verde nas praias da frente urbana da Costa de Caparica, em Almada, no distrito de Setúbal, levando os concessionários a falar num verão “negro”, com “prejuízos enormes”. “É muito negativo, muito negro, porque vivemos numa atividade sazonal, vivemos do turismo e, não havendo, o negócio morre”, disse à agência Lusa o presidente da Associação Apoios de Praia Frente Urbana da Costa de Caparica, Acácio Bernardo.

O responsável falava em frente ao seu estabelecimento, o Paraíso Bar, num dia em que a temperatura não estava muito convidativa à prática balnear e a praia estava quase deserta. No entanto, frisou que a afluência estava como “num dia normal” da nova realidade, marcada pela pandemia de covid-19.

“Infelizmente desde o dia 01 [de junho] está ali a bandeira verde hasteada, que é a praia disponível”, lamentou.

Segundo Acácio Bernardo, também “não resultou” a regra definida pelo Governo de que os toldos e chapéus só podem ser alugados numa manhã (até às 13:30) ou tarde (a partir das 14:00).

“Realmente a lei foi feita, mas não resultou porque infelizmente não há necessidade. Estamos aqui e é quase 13:00, deveria haver gente a sair para outros entrarem, para haver alguma razoabilidade, mas infelizmente não é necessária porque não temos pessoas”, frisou.

Também Miguel Inácio, proprietário do restaurante Dr. Bernard, relatou à Lusa que as praias da Costa de Caparica “estão claramente com falta de pessoas”, o que era possível constatar nos toldos que estavam vazios.

“Não sei se é igual para o país inteiro, mas nas praias da frente urbana da Costa de Caparica tem-se notado um decréscimo muito grande, como se pode ver. As praias continuam desertas”, frisou.

Devido a este panorama, o responsável mostrou-se descontente pela responsabilidade imposta aos empresários do “pagamento de todos os custos inerentes à praia, neste caso com os nadadores-salvadores”, que representa um encargo anual de cerca de 15 mil euros por concessionário.

“O salvamento marítimo deveria ser uma obrigação do Estado e não de 11 empresários, porque há tanta gente que desenvolve negócios aqui na Costa de Caparica e que vive essencialmente do turismo. Porque é que são 11 concessionários que suportam toda uma equipa enorme de salvamento?”, questionou.

Já Acácio Bernardo criticou a falta de ajuda da Câmara Municipal de Almada, defendendo que a autarquia deveria “diminuir o dispositivo de nadadores-salvadores na praia” ou interromper “as rendas por um determinado tempo”.

“Da parte das entidades que administram o território não está a acontecer rigorosamente nada”, sublinhou.

No dia em que a Lusa visitou a Costa de Caparica, a perspetiva de futuro dos empresários encontrava-se como o tempo, com “uma nuvem muito negra”.

“Vamos aguentar até podermos, mas os prejuízos são enormes. O negócio não anda, não há gente para consumir, não há gente de férias. Há concessionários, inclusive, a quererem fechar e em outubro não vão abrir de certeza, porque os custos continuam iguais relativamente a anos anteriores, mas aquilo que se poderia fazer não estamos a fazer”, lamentou Acácio Bernardo.

O empresário tinha contratado mais colaboradores, mas já equaciona “começar a reduzir”.

A época balnear vai estender-se até setembro e o pedido de Miguel Inácio é que “as pessoas voltem” às praias da Caparica.

“Não temos estrangeiros, mas temos aqui uma praia linda, maravilhosa, com muito sol, com segurança, e é o convite que faço às pessoas, venham à Costa de Caparica e apoiem o comércio local”, apelou.

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