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Como a água pode estragar o vinho da Terceira

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Os vitivinicultores da ilha Terceira, nos Açores, perspetivam uma colheita pior do que a de 2021, que já tinha sido baixa, devido às condições climatéricas, adiantou hoje o presidente da Adega Cooperativa dos Biscoitos.

“Após as podas e a rebentação das vinhas, tivemos ventos que nos prejudicaram. Destruiu alguma vinha. Depois tivemos as ressalgas e agora, mais concretamente, esta alteração climática constante, de nevoeiros e chuvas, que nos impedem de fazer os tratamentos preventivos do míldio [doença] e agravam ainda mais o míldio existente nas videiras”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o responsável da Adega Cooperativa dos Biscoitos, Ricardo Rodrigues.

O vitivinicultor falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma reunião com o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Açores, António Ventura.

Segundo Ricardo Rodrigues, 2021 “não foi um bom ano em termos produtivos” e 2022 “seguramente irá ser bem pior”.

O secretário regional da Agricultura anunciou, no final da reunião, que o executivo prevê implementar, no segundo semestre do ano, um sistema de avisos meteorológicos para os vitivinicultores.

“O produtor irá receber no seu telemóvel as condições do clima para o dia seguinte para a semana e que tipo de tratamentos podem ser utilizados”, explicou.

Ricardo Rodrigues considerou que este apoio, resultado de um protocolo entre a Adega Cooperativa dos Biscoitos, o Governo Regional e a Universidade dos Açores, é “urgente”.

“São estações meteorológicas que vão ser localizadas dentro da paisagem protegida da vinha dos Biscoitos, que emitirão um sinal antecipadamente com as condições climatéricas para o aparecimento do míldio e o produtor receberá essa mensagem ou no telemóvel ou no ’email’ e poderá de forma atempada fazer os tratamentos preventivos para evitar o aparecimento do míldio, que é aquilo que nos estraga a maior parte da produção”, avançou.

O presidente da Adega Cooperativa dos Biscoitos alertou ainda para a falta de mão de obra qualificada, para a manutenção das vinhas, lembrando que a maioria dos produtores tem mais de 50 anos.

“A falta de mão de obra é um problema constante, porque a mão de obra para trabalhar na vinha tem de ser qualificada em algumas tarefas. Havendo formação é bom, mas sabemos que muitos dos formandos muitas vezes não ficam na área, porque trabalhar na vinha é difícil”, frisou.

O secretário regional da Agricultura reconheceu que é “uma das fragilidades do setor” e anunciou a criação de cursos de formação, para motivar os jovens.

“Iremos dar formação na área, por exemplo, das enxertias, na área das podas. Essa é uma ligação que vamos fazer às escolas profissionais, mas também de modo próprio vamos dar essa formação”, adiantou.

António Ventura disse ainda que o executivo pretende “criar uma matriz familiar” na agricultura, para que “a própria família possa produzir e trabalhar a vinha, sem ser necessário recorrer a mão de obra externa”.

“O complemento de várias áreas agrícolas poderá criar o rendimento necessário às famílias e, portanto, tentar desenvolver o conceito de matriz familiar e de rendimento de matriz familiar, também na área da vitivinicultura, é um objetivo conseguir”, salientou.

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