Poetas mergulhados em catadupa de letras
Escrevem tretas num campo imaginário
Não ordinário mas com versos nas artérias
De sangue quase coagulado da inspiração.
Descrevem a nervura de um corpo já pendente
Se tropeça, cai no fosso já infeccionado
Sem tirar o chapéu de coco já amarrotado
E continuam escrevendo para toda a gente .
Mas já ninguém escreve nas páginas da castidade
Onde o pudor hoje já foi uma coisa do passado
E tal pudor já nem se fala entre a mocidade
E o moralista hoje será logo posto de lado.
São aos molhos os poetas e suas literaturas
Mas até ganham concursos de palavras com vaidade
E usam muito batom para encobrirem as rugas
Que os espelhos opacos refletem na realidade.
A poesia deve continuar a ser algo decente
Com palavras mesmo pobres mas sempre nobres
Pois tais poemas ficam bem a toda a gente
E não caiem nas páginas do desvanecimento!
José Valgode