Nas serras o povo é puro o vinho é verde
O amor tem que se cultivar o sonho é risonho
As fontes são frescas e as águas cristalinas
E a poesia é criativa e aparece no sonho.
E quando por vezes me invade a tristeza
Silencio é total mas também é o ideal
Em vens tu poesia mostrar-me tua lindeza
E vou passear à serra com sossego total.
Depois acordo com lento movimento das cabras
E vejo grandes bodes com cornos de bronze.
E uma mãe cabra leva os cabritos à água
Na ribeira da Póvoa das Leiras até Candal.
E contemplo o amarelo da carqueja e das giestas
O dia é de festa na serra da Gralheira.
Onde vivem ainda pastores e pastoras
Humildes mulheres, mas grandes senhoras.
Todos conduzem os rebanhos, em dias de calor,
E também na densa neblina da serra da Gralheira.
À noite ouve-se o canto dos pássaros piando amor
São cantos Gregorianos e a noite cai lentamente.
José Valgode