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Venezuela: não há professores de português que cheguem

A procura de aulas de português no interior da Venezuela está a ser de tal modo elevada que não há professores ou materiais de apoio suficientes, alertam docentes.

Na Venezuela, segundo vários docentes ouvidos pela Lusa, apesar dos avanços registados, continuam a faltar livros, materiais de apoio e professores para responder à crescente procura de cursos de língua portuguesa, principalmente no interior do país.

Os desafios do ensino da Língua Portuguesa foram tema central, durante uma semana, de três eventos que tiveram lugar nas cidades de Caracas, Los Teques e Maracay.

“Cada vez há mais pessoas interessadas em aprender português na Venezuela e nós ainda não temos professores suficientes para satisfazer essa procura. Isso é uma dificuldade que estamos a tentar resolver com a ajuda do Camões [Instituto da Cooperação e da Língua] a médio e longo prazo”, admitiu o coordenador do ensino da língua portuguesa na Venezuela.

Segundo Rainer Sousa, tem havido ainda casos de alguns professores que, devido à crise, saíram a Venezuela e que ensinavam principalmente nas cidades de Caracas e Valência.

No entanto, sublinhou, o Camões tem um protocolo de cooperação com a Universidade Central da Venezuela, o que tem permitido atrair jovens que se estão a formar em língua portuguesa.

“No interior ainda somos um pouco mais débeis, em regiões como Los Andes, Los Llanos e em Maracaibo (Zúlia) mas este ano foi aberto um curso na Universidade Pedagógica Experimental Libertador (UPEL) em Maracay, para a formação de venezuelanos como professores de português que a médio e longo prazo poderão ensinar em regiões do Interior da Venezuela”, explicou.

Segundo Henrique de Sá, encarregado da formação de professores na UPEL, a aposta é formar “material humano venezuelano” e há um grupo de estudantes de outras línguas que têm manifestado interesse em aprender a língua.

O professor sublinhou ainda que a aprendizagem da Língua Portuguesa é vista, pelos futuros professores, como uma motivação, uma opção de trabalho de futuro, perante a crise num país que em que a população tem baixos salários.

No que respeita aos livros, Rainer Sousa, diz que “nunca há suficientes”, mas que nos últimos três anos o Camões e a Secretaria de Estados das Comunidades Portuguesas doaram “uma boa quantidade”, para resolver o problema de falta de material para o ensino da Língua Portuguesa.

“Esta carência pode ser lida de duas formas: é um problema, mas também uma oportunidade para os professores que têm inventado formas e maneiras para resolver o problema das falhas, incluindo a produção de materiais próprios, feitos por eles próprios, para ajudar os seus alunos no processo de aprendizagem na nossa Língua”, salientou.

Os encontros de professores nas três cidades venezuelanas contaram com a presença do professor universitário Paulo Feytor Pinto, que foi propositadamente à Venezuela e encontrou uma realidade distinta daquela que existe em Portugal.

“O trabalho que os professores de português cá fazem, dadas as condições, é um trabalho fantástico (…) Eu não sabia se tinham manuais, se tinham acesso a fotocópias, equipamentos eletrónicos. Tudo isto para mim foi um desafio enorme porque são realidades completamente diferentes daquela que eu trabalho”, disse à Lusa.

Paulo Feytor Pinto disse ainda acreditar que a sua deslocação à Venezuela contribuiu para “os professores melhorarem um bocado o desempenho”.

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