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Pedrógão Grande: Lágrimas e emoção no funeral das primeiras seis vítimas

© RUI OLIVEIRA / GLOBAL IMAGENS

Centenas de pessoas, emocionadas, acompanharam esta terça-feira, no lugar de Sarzedas de S. Pedro, Castanheira de Pera, o funeral das primeiras seis vítimas do incêndio que deflagrou sábado em Pedrógão Grande e que fez pelo menos 64 mortos.

O bispo de Coimbra, Virgílio do Nascimento, fez questão de presidir à primeira cerimónia fúnebre de vítimas da tragédia que atingiu a região, realizada na igreja da povoação, pequena para acolher a multidão que se espalhou pelo adro e pela rua de acesso ao templo.

Sem a presença de qualquer membro do Governo, o presidente da Câmara de Castanheira de Pera, o socialista Fernando Lopes, disse à Lusa apenas ter sido incumbido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de o representar junto das famílias, tendo sido portador de uma palma da Presidência em homenagem às vítimas.

Sob um calor tórrido e um cenário desolador marcado pelo cheiro de terra e madeira queimada, com o fumo dos incêndios ainda ativo na região em fundo, a cerimónia começou às 18:30 com a pronúncia dos nomes das seis vítimas a gerar a comoção de muitos dos presentes.

Eliana Damásio (38 anos) e o marido António Nunes (41 anos), o irmão deste, Nelson (33 anos), e um amigo, Paulo Silva (36 anos), morreram intoxicados devido ao fumo depois de decidirem abandonar a aldeia num carro que acabaram por deixar próximo do cemitério, tendo sido encontrados no chão, com o cão do casal, um labrador, a poucos metros, contou à Lusa uma amiga.

Dulce Martins trabalhava com Eliana e António (que deixam dois filhos) na fábrica têxtil Albano Morgado, cujo proprietário e muitos dos funcionários marcaram presença numa cerimónia que se prolongou por mais de duas horas, terminando no pequeno cemitério da aldeia, única estrutura em pé no meio de um cenário de destruição.

As outras duas vítimas, Manuel Bernardo e Maria Odete dos Santos, na casa dos 60 anos, tinham vindo passar o fim de semana com familiares.

Despistaram-se à saída da aldeia, no local onde ainda se encontra a carcaça calcinada do automóvel em que seguiam, relatou.

No burburinho das conversas ressaíam relatos dos momentos trágicos vividos pela maioria dos presentes, dos que ficaram em casa e dos que ainda tentaram fugir das chamas metendo-se nos carros e que andaram “daqui para ali”, mas conseguiram voltar.

“Foi Deus que nos tirou dali”, relatava uma das moradoras, num grupo que partilhava os momentos de “aflição” vividos na tarde e noite de sábado e madrugada de domingo.

Confessando que as “imagens” daqueles momentos a deixam “doida”, a amiga de Dulce Martins admitiu que, desde esse dia, “anda a comprimidos”.

Durante a cerimónia foram várias as pessoas a ser assistidas pelas três psicólogas presentes, duas da PSP e uma do Instituto Nacional de Emergência Médica, esta acompanhada por um técnico de emergência hospitalar.

Quarta-feira, também ao fim do dia, realiza-se, em Castanheira de Pera, o funeral do bombeiro da corporação local que morreu na sequência do incêndio, disse à Lusa o comandante José Domingues.

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