Eu sei que a dimensão é diferente, não correm o perigo de atravessarem o Mediterrâneo e morrerem afogados, não vivem em clima de bombardeamentos, possuem normalmente família noutros países, talvez tenham menos fome mas possuem fome, talvez não sofram bombardeamentos mas sofrem violência, os medicamentos acabaram, a esperança também acabou.

No ano passado, 550.000 venezuelanos saíram do seu país pela fronteira da Colômbia, 100.000 outros pelo Brasil, e muitos foram-se embora de avião ou barco para outros países. Como partilham uma cultura ocidental, uma religião comum a muitas pessoas, uma língua que é das mais faladas do mundo, pode ser que tenham sorte, mas que são refugiados, lá isso são. E o drama tende a agonizar-se.

Há uns tempos estive num almoço com um casal venezuelano, ele descendente de portugueses e ela de espanhóis. Estavam a mudar-se para Madrid e claro que o tema da conversa foi a situação na Venezuela, e eles nunca gostaram de Hugo Chavez mas reconhecem que havia ali uma ideologia, que ele tinha ideias para o país, que ajudou a sair da pobreza muita gente, mas que Nicolas Maduro é apenas um tirano maluco que se quer manter no poder nem que tenha que armar as milícias populares que são favoráveis à sua maluqueira.

Talvez nos anos 60, os portugueses que iam a salto para França, fugindo de uma ditadura, das guerras ultramarinas, da fome, do analfabetismo e da miséria, fossem hoje em dia considerados refugiados. Talvez fossem, talvez fosse um exagero tal circunstância.

Eu sei que não é a mesma coisa… Muitos sírios fogem essencialmente para escaparem à morte, e arriscam a vida para escaparem à morte. Não sei… talvez os venezuelanos se adaptem melhor…

Tenho que pensar melhor acerca deste assunto, e pode ser que vocês com as vossas opiniões me possam dar uma ajuda. Talvez um refugiado seja um escorraçado e os outros apenas fugitivos, e de facto é um tema complexo.

Para além disso, é necessário saber a opinião de quem teve que sair do país que amam e quais os motivos que o levaram a tal situação.