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Onda de solidariedade permite a português licenciar-se em Londres

Fábio Fernandes, cujo talento gerou em 2013 uma onda de solidariedade em Viana do Castelo, terminou com “honra” a licenciatura em música numa das melhores universidades do mundo, em Londres, e já iniciou o mestrado.

O jovem que partiu de Viana do Castelo, em 2014, com 18 anos para “por à prova” o talento que todos lhe reconheciam recebeu na sexta-feira, já com 22 anos, o certificado da licenciatura na cerimónia de formatura da Guildhall School of Music & Drama, onde, em setembro, iniciou o mestrado.

“Foi um caminho muito exigente e cheio de desafios. Felizmente com muito trabalho e algumas ajudas, mesmo a nível económico, foi possível alcançar este objetivo. Olho para trás e sinto um enorme orgulho em poder dizer que obtive uma licenciatura na Guildhall School of Music & Drama. Uma escola que, para além do reconhecimento internacional, proporciona-me experiências e aventuras que, de outra forma, não seriam possíveis”, disse à agência Lusa Fábio Fernandes.

A onda de solidariedade foi iniciada após a admissão de Fábio naquela universidade, em dezembro de 2013, mas não se limitou à cidade, estendendo-se a todo o país.

A determinação do jovem e a situação de desemprego com que, na altura, se confrontou o pai, com o encerramento dos Estaleiros Navais de Viana (ENVC), sensibilizou a Martifer, subconcessionária que, por essa altura, tomou posse dos terrenos e infraestruturas da empresa pública e concedeu um apoio que também ajudou o jovem a chegar a Londres.

A mobilização da comunidade em torno do “sonho” do aluno da classe de guitarra clássica do professor Francisco Gomes, na Academia de Música de Viana do Castelo, fê-lo chegar a uma escola de onde saíram nomes de músicos internacionalmente conhecidos, como a violoncelista Ella Rundle ou a violinista Hikan Mitsukawa. Para o cinema saíram atores como Lennie Janes, Daniel Craig – que Fábio conheceu na pele de James Bond – ou ainda Orlando Bloom e Ewan Mcgregor.

Além do apoio que recebeu, o jovem, que toca guitarra desde os 10 anos, desdobrou-se em concertos e recitais para “juntar dinheiro” e fazer frente aos encargos da licenciatura, cerca de 10 mil euros por ano em propinas, mais despesas mensais de estadia, alimentação e transportes.

Agora, os custos do mestrado vão ser assegurados por “uma bolsa de estudo que obteve através da escola e outra garantida pela instituição do Reino Unido Help Musicians”.

“As duas bolsas ajudam a cobrir parte do valor das propinas. O resto é suportado com o que vou ganhando com trabalhos que vou fazendo”, especificou.

Questionado sobre um eventual regresso a Portugal no final da formação académica respondeu: “Num futuro próximo não me vejo a voltar a Portugal. Londres está a um nível cultural completamente diferente e eu sinto que é aqui que preciso de estar, nos próximos anos”.

“Não desvalorizo o potencial de meu país e o facto de ser um artista português, e, como tem vindo a ser tradição nos últimos anos, vou continuar a apostar na cultura do meu país tentado trazer o que de melhor encontro pelo mundo fora até a porta dos meus compatriotas”, adiantou.

Fábio Fernandes garantiu que, tal como tem feito nos últimos anos, vai “continuar a divulgar jovens talentos estrangeiros em Viana do Castelo, através de recitais a solo e de música de câmara”.

“Outro projeto que tenho em mente passa pela realização de intercâmbios culturais, em diferentes países europeus com músicos que conheci em Londres. Também tenho uma página do Facebook onde as pessoas podem seguir o que ando a fazer e, em breve, terei também um sítio na internet para divulgar o trabalho que vou fazendo”, referiu.

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