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O lusodescendente que dá cartas no teatro francês

O lusodescendente Lionel Cecílio vai regressar ao festival de teatro de Avignon com a peça “Voyage dans les Mémoires d’un Fou” (“Viagem às memórias de um louco”), um espetáculo que está em cena em Paris até 29 de abril.

“Vamos outra vez a Avignon, no mês de julho, ao Théâtre des Corps Saints, que é um teatro que tem uma presença muito importante no festival, é muito conhecido, e vai ser outra maneira de abordar este festival”, disse à Lusa o ator que, no ano passado, já tinha integrado a programação “Off” do festival de Avignon.

O artista, de 33 anos, contou que Avignon foi “um trampolim muito importante” que permitiu que a companhia fosse descoberta pelo Théâtre l’Archipel, em Paris, onde a peça está em cartaz desde 2 de fevereiro.

“Avignon pode ser uma coisa muito forte para espetáculos, mas também pode ser completamente assassino porque há 1.500 espetáculos ao mesmo tempo, numa mesma cidade e a concorrência é muito grande (…) E outra coisa muito importante é que os profissionais todos estão lá”, explicou.

Em “Voyage dans les Mémoires d’un Fou”, Lionel Cecílio, sozinho em palco, interpreta um jovem de 20 anos, diagnosticado com uma doença incurável, que decide escrever as suas memórias, viajando até ao passado e reencontrando personagens que conheceu e que o marcaram, todas elas também interpretadas por ele.

A peça foi escrita pelo ator e inspira-se no livro “Mémoires d’un fou” (“Memórias de um Louco”) de Gustave Flaubert, resultando também de uma reflexão depois dos atentados que atingiram Paris em 2015 porque “é um mundo em que fica tudo sem sentido”.

“Quando houve os atentados eu pensei assim: “Estou a viver o que se vive em vários sítios do planeta mas, aqui, estava em Paris, [era] ao pé de mim, e no dia em que houve os atentados no Charlie Hebdo eu estava aqui pertinho do que se estava a passar e tive vontade realmente de dizer coisas”, contou o ator, que nasceu em Montreuil, na região de Paris.

Lionel Cecílio, que tem raízes familiares em Loulé e em Porto de Mós, fala de Portugal no espetáculo porque se trata “uma personagem de origem portuguesa, que foi a Portugal quando era pequeno e que guardou uma saudade, uma paixão pelas coisas de Portugal”, tendo como objetivo levar a peça a Portugal.

A 18 de maio, o ator vai contracenar com dois atores portugueses, Jacqueline Corado e Eric da Costa, na peça “Lucrèce Borgia”, de Victor Hugo, no auditório da Biblioteca Paul Marmottan, em Boulogne-Billancourt, na qual nove músicos vão tocar partições encomendadas pelo escritor e dramaturgo oitocentista ao compositor Louis Alexandre Piccinni e que tinham estado “perdidas durante dois séculos”.

Lionel Cecílio continua, também, a ser o protagonista da peça “Aladin”, nomeada para os prémios de teatro Les Molières, no ano passado, na categoria “Público Jovem”, que está em cena desde setembro de 2011 e que “vai ter uma sétima temporada até março de 2018” no Théâtre du Palais Royal, em Paris.

O ator é, ainda, “leitor de noite” no programa “Voyages au Bout de La Nuit” no canal televisivo francês D8, no qual “propõe ao espetador leituras de clássicos da literatura” e onde está “sentado num estúdio de televisão em frente a uma câmara e durante três horas” lê um livro.

O artista, que frequentou a escola de teatro Enfants Terribles, em Paris – onde também estudou a atriz francesa Léa Seydoux – foi considerado “Jeune Talent Cannes Adami”, no Festival de Cannes 2011, com o filme “Scène de Vestiaire”, de Frédéric Malègue.

Na sua filmografia constam, por exemplo, “Les Heritiers” (2014) de Marie-Castille Mention-Schaar, que contou com uma nomeação para os prémios de cinema César, “Le Bonheur des Duprè” (2011), de Bruno Chiche, as séries “Le Transporteur”, produzida por Luc Besson, “Chers Voisins” e “Scènes de Ménages”, aparecendo também em uma cena do filme “A Gaiola Dourada” (2012) de Ruben Alves.

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