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O carpinteiro

Eu sou um gajo, exemplo do verdadeiro desastre na bricolage apesar de tentar fazer coisas. Por exemplo, se eu tentar colocar um quadro na parede, sou menino para dar cabo daquilo tudo, praguejar, inventar até asneirolas novas, e achar que nasci mesmo para ser desgraçado e lamentar-me imenso por esse facto.

Mas sou voluntarioso, e quando o varão horizontal do roupeiro do meu quarto começou a ceder ameaçando transformar-se numa enorme catástrofe, garanti à Ana que seria capaz de dar conta do recado, e que não valia a pena chamar um carpinteiro, um homem a sério.

E então ela garantiu-me que fosse como eu quisesse, mas se a roupa pendurada do armário cai-se, iríamos ter um problema sério!

E decorreram meses, e aquilo a ceder aos pouquinhos e comecei a acreditar que talvez não valesse a pena tomar conta do assunto nesta vida!

Só que na semana passada aquilo veio tudo abaixo e percebi que estava em apuros e então telefonei a um fulano que faz tudo: é pintor, é carpinteiro, tenta ser canalizador e enquanto trabalha vai ao meu frigorífico e bebe as minhas cervejas!

Até aqui tudo bem, mas só o chamo em casos de extrema urgência porque o homem acha a tudo muita piada e farta-se de rir. Eu a mostrar-lhe a minha desgraça, o roupeiro todo lixado, e o homem fartava-se de rir, achava um piadão a tudo caído, e aquilo parecia que o gajo estava a ler o livro de piadas do António Sala.

E iniciou o trabalho muito contente, e em grande alegria enquanto mamava uma cerveja e explicou-me que precisava de umas ripas de madeira, e eu fui comprá-las ao Leroy Merlin, e quando cheguei a casa, estava ele na varanda a fumar um valente cigarro!

Mostrei-lhe as ripas de madeira, ele riu-se muito quando as viu, soltou valentes gargalhadas, e disse-me que eram mesmo essas que precisava! Nunca entendi a piada de um fulano olhar para bocados de madeira e achar um piadão, mas enfim, talvez eu tenha pouco sentido de humor!

No final do trabalho, perguntei-lhe quando lhe devia, e ele riu-se imenso, soltou gargalhadas bem sonoras e acrescentou que tinha que fazer as contas e depois dizia-me qualquer coisa!

Em paz e tranquilidade, sentei-me no sofá, e depois fui regar os morangos! Não sei porquê, mas cresceram em pleno outono morangos nos canteiros que tenho na varanda. E tal fenómeno estava-me a dar um gozo bestial, quando reparo que metade deles tinham desaparecido, o sacana ficou na varanda a fumar e a comer os meus morangos enquanto eu fui ao Leroy Merlin comprar ripas de madeira e voltei!

Quando ele me apresentar a contar e eu lhe descontar as cervejas e os morangos, quero ver quem se ri.

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