No meu copo
há explosões de gás
há erupções solares
átomos que se atraem e se fundem,
nuvens eléctricas carregadas
de partículas ridículas
que se vêm esmagar
contra a parede convexa
No meu copo
há dilúvios, tempestades
que se desencadeiam
num mar desenfreado de enxofre
que me espuma os dentes
Uma coluna de mar amarelo
que se ergue
abraçando um sopro de fogo
Num esforço violento de me sentir
todo o mar se derrama em mim
enchendo-me as goelas, os olhos, as narinas,
turvando-me os sentidos
Ó mar, ó sol
que giras no meu copo
Ó inferno das águas
em que afogo o meu desespero
grito eufórico da proa
do meu navio desfraldado em chamas –
“Marinheiros, cantem comigo!”,
e desato a chorar…
JLC