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Mulher mais velha presa em Portugal nega crimes de burla em tribunal

A mulher mais velha presa em Portugal, que começou a ser julgada esta segunda-feira em Lisboa, negou ter cometido conscientemente crimes de burla, branqueamento de capitais e associação criminosa, na venda de um imóvel que não lhe pertencia.

A mulher, de 90 anos e de nacionalidade brasileira, responde, juntamente com mais seis arguidos, pelos crimes de burla qualificada, tentativa de burla, falsificação de documentos, associação criminosa e branqueamento de capitais, sendo que dois dos elementos estão ainda acusados de auxílio material.

Segundo a acusação do Ministério Público, a que a agência Lusa teve acesso, em 2016 os arguidos decidiram “engendrar um esquema” com o intuito de vender um imóvel devoluto que não era seu, avaliado em meio milhão de euros, e usufruir das receitas daí provenientes.

Para esse efeito, formaram uma organização dentro da qual definiram tarefas para cada um. Uma delas passava por elaborar actas de assembleias-gerais, que não se realizaram, de uma sociedade comercial, proprietária do imóvel, à qual dois deles já tinham pertencido.

Nesses documentos, são acusados de falsificar assinaturas. Com esses documentos falsificados conseguiram comprovar que eram sócios gerentes da empresa, junto da Conservatória do Registo Predial, e abrir contas bancárias em nome da entidade comercial para movimentarem, sendo acusados de enganar esses funcionários.

Esta tarde, durante a primeira sessão do julgamento, que decorre no Campus da Justiça, em Lisboa, a idosa fez questão de falar para o coletivo de juízes e negou ter agido de forma consciente, imputando responsabilidades diretas a outros arguidos do processo, nomeadamente uma sobrinha.

“Eu fiz tudo aquilo que eles [restantes arguidos] me pediram. Eu pensei que era tudo certo e por isso não me neguei”, justificou.

Durante o depoimento, que durou mais de três horas, a idosa apresentou sempre um discurso confuso e incoerente, situação que motivou bastante impaciência por parte do coletivo de juízes.

“A minha sobrinha era a cabeça de tudo, mandava em tudo. Ela ficou com todo o dinheiro e a mim deu-me apenas 500 euros”, alegou.

Os arguidos começaram a contactar potenciais clientes e conseguiram vender o apartamento em outubro desse ano, por 400 mil euros, tendo recebido uma transferência de 300 mil euros.

Com o dinheiro obtido, começaram a fazer levantamentos e a efectuar pagamentos por cartão de débito, entre eles a compra de jóias no valor de 5.000 euros.

A mulher foi detida pela Polícia Judiciária e está presa preventivamente no Estabelecimento Prisional de Tires desde novembro de 2016.

Outros dois cumprem pena de prisão à ordem de processos de burla, falsificação e contrafacção de documentos e receptação, ocorridos em vários pontos do país depois de se terem evadido dos estabelecimentos prisionais durante o período em que integraram a organização criminosa.

A próxima sessão deste julgamento decorre no dia 11 de dezembro, a partir das 14:00, no Campus de Justiça.

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