Na verdade a bonomia de Marcelo, cai bem aos portugueses e ele vai-se sentindo como peixe na água. Domina a sua coutada com admiração.

De um modo ligeiro esperava-se que fosse este o seu modo de actuar. Ultrapassou, positivamente, todas as expectativas.

Com prosápia pacificadora era vê-lo a condecorar, mal ele próprio foi investido presidente da República, tudo quanto bulia. Menos os pobres e operários – que esses nunca serão condecorados ou (re)comendadores.

Teve uma oportunidade à sua medida. A conquista de Portugal do Europeu de Futebol tão depressa aconteceu como se já tivesse, Marcelo, as condecorações preparadinhas. Na mouche.

Depois fez-se-lhe perceber que não há só futebol, e emendou a mão agraciado outros desportos e outros desportistas.

O protagonismo a que estava habituado começou a atingir níveis máximos, mas isso também não seria novidade. Não foi para mim.

Há-de haver quem goste de o ver a toda a hora nas televisões, num papel mais moderado de comentador. Digo comentador. Está-lhe na massa sanguínea. Comentar mesmo no papel em que apenas deve arbitrar.

Ao arbítrio ele prefere lidar pacificamente com o primeiro ministro António Costa – muito bem. Só pode ser assim, mesmo que os horizontes políticos sejam opostos.

Mas o presidente da República começa a ser banal, porque chama para ouvir, como quem muda de camisa, os partidos assentes na Assembleia e outros parceiros sociais.

Podemos tolerar e crer querer que é ainda fruto da sua hiperactividade.

Só que terá que reinar dez anos, período suficiente para cometer falhas que agora se lhe aceitam por se lhe reconhecer a euforia.

Mário Adão Magalhães 016/07/26 22, 35h.