Laranjas divididas no país sem rio
na cidade-fronteira no meio do mar.
À lua vermelha que cresce na colina sibila a cruz anil ao desafio,
mas o povo apartado apenas quer unir o que os homens teimam em separar.
O mancebo-capitão diz-me que prefere o narguilé ao florete
hoje é noite de folga, amanhã voltará às barricadas.
A menina marina quer conhecer outras línguas,
viver outras vidas mais preenchidas
estes espartilhos são-lhe demasiado apertados,
salta-lhe o peito do corpete.
Da torre Ledra na cidade de amarelo e azul
vejo igrejas e mesquitas a paredes meias e casas vazias.
Vejo telhados amarelos, montanhas maquilhadas
que querem tão somente voltar a abraçar o mar do sul.
JLC012004, Nicósia