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João Signorelli: o ator e a leitura crítica de seu tempo

Em mais de quatro décadas de carreira, João Signorelli construiu extenso currículo como ator, atuando no teatro, cinema e televisão. Participou de montagens antológicas, como O Homem de La Mancha, ao lado de Bibi Ferreira e Paulo Autran. Na televisão, entre as dezenas de novelas e minisséries em que atuou, está Grande Sertão: Veredas, baseada no romance de Guimarães Rosa. Desde 2003 anos tem feito, com grande êxito, pelo Brasil afora, o monólogo Gandhi, de Miguel Filliage e Benne Catanante.

Desde quando a arte de representar?

Desde 1971, ao entrar num grupo de teatro amador, no Colégio Estadual Oswaldo Aranha, em São Paulo. E profissionalmente desde 1972, na peça infantil A Turma da Mônica Contra o Capitão Feio, de Mauricio de Souza, dirigida por Abelardo Figueiredo

Em mais quatro décadas de carreira, que momentos foram mais marcantes?

A estreia de A Turma da Mônica e, no mesmo ano, a estreia no teatro adulto, na peça O Homem de La Mancha, direção de Flavio Rangel, com Paulo Autran e Bibi Ferreira no elenco.Também a minissérie Grande Sertão: Veredas, na TV Globo, em 1985, com direção de Walter Avancini. E o encontro, em 2003, com Gandhi, de autoria de Miguel Filliage e Benne Catanante, com direção de Miguel Filliage.

A televisão permite que o ator se desenvolva?

Permite desenvolver uma esperteza cênica, pois o tempo é curto e são muitas as cenas a gravar. E você precisa estar bem concentrado e focado para realizar o trabalho.

Apesar de vir conquistando públicos maiores nas últimas duas décadas, o cinema brasileiro parece longe das massas. A que atribui tal fato?

Acho que o maior problema do cinema brasileiro é a falta de bons roteiros.Temos atores e atrizes maravilhosos, assim como diretores fantásticos, ótimas histórias, mas poucos bons roteiros.

Seu maior sucesso no teatro, o monólogo Gandhi, surgiu como?

De um pedido de Alexandre Garrett para que Miguel Filliage preparasse um espetáculo de teatro para a abertura de um fórum de recursos humanos,cujo tema era liderança.Depois dessa primeira apresentação, assumi a produção e estou até hoje fazendo.

Algum caminho para popularizar o teatro, uma vez que mais de 80% dos brasileiros declararam, recentemente, nunca terem visto uma peça?

O governo precisaria tirar alguns impostos e as salas de teatro precisariam diminuir seus lucros. Além disso, ingressos subsidiados pelo governo, o que daria para fazermos espetáculos gratuitos nas periferias das grandes cidades.

As leis de incentivo ao teatro têm cumprido seu papel?

Totalmente não, pois são os departamentos de marketing das empresas que decidem em que companhias eles irão investir. Aí procuram geralmente atores famosos e sempre os mesmos nomes são contemplados, ficando os novos com dificuldade de aparecer.

Sobre os autores da entrevista: Angelo Mendes Corrêa é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo(USP), professor e jornalista. Itamar Santos é mestre em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo(USP), professor, ator e jornalista.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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