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A feira das vaidades

A participação de Marcelo Rebelo de Sousa na procissão de Wiltz é um evento em si irónico. O cortejo que segue a Virgem em tudo se compara ao corropio a que assistimos estes três dias. Mestre do auto-retrato, Marcelo é o gáudio de toda uma classe de caciques. Com poses formais, citações mais ou menos intelectuais aí estão eles todos ao lado do Presidente dos Afectos. É desfilar pelo Facebook abaixo e começar a contar.

Não serão todos assim, como é claro. Há aqueles que sentem um genuíno e humilde prazer em poder posar para a fotografia com o mais alto magistrado do nosso querido Portugal. Quanto a esses nada a dizer.

Dos outros… dos outros, tanto a dizer.

Guindaram-se ao papel de “ilustres” representantes da nossa comunidade aqui no Luxemburgo e, pior que a lapa na rocha, nem o mar os consegue demover. Temos de tudo: eleitos ausentes, presidentes eternos, congressos de ar e vento, fundações que não o são, mandatos de dois anos que se prolongam por cinco, representantes de quem nunca se ouviu um pedido de opinião, sectarismos, manobras de bastidores, favores a amigos, contas bancárias fantasma, ausência de prestação de contas, de relatórios … tudo. Há de tudo.

Amanhã estarão todos reunidos numa sala com a comitiva presidencial. Todos têm a solução para os problemas da comunidade e se estas soluções não são implementadas a culpa recai tão só sobre o outro. As autoridades luxemburguesas que são racistas, os outros actores da integração que monopolizam o “mercado” das ajudas estatais, os outros caciques, os sabotadores, os que não alinha na ideia única de cada um. Mas serão feitas juras de que as coisas mudam, é desta que vão todos colaborar uns com os outros.

Um pouco como as promessas que amiúde fazemos à Virgem, quando as coisas correm mal, de que vamos mudar o nosso comportamento e a partir de agora será diferente, todas estas “juras de amor” se dissolverão mal se findem as fotografias que seguirão a reunião.

A partir daí voltamos ao velho caciquismo. A manutenção de coutadas e o jogo de bastidores serão uma vez mais a regra do dia.

Um dia, durante uma entrevista, perguntaram ao Zeca Afonso se ainda havia Vampiros.

“Se ainda há Vampiros!? Queres que comece a dizer nomes?”

“Não é preciso… ficamos por aqui.”

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