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Estou Além

Em 1988 António Variações falava-nos da dificuldade que em dominar o seu estado de ansiedade. Uma ansiedade provocada por uma necessidade de estar sempre noutro lugar, sempre em mais um lugar.

O Conselho das Comunidades Portuguesas – para os mais leigos nestas coisas, é um tipo de parlamento da emigração portuguesa – tem dois leitos pelo Luxemburgo. Destes dois, um deles não mora no Luxemburgo há um ano.

Diz a lei que a residência oficial é o local onde se passe a maior parte do tempo. É condição à candidatura residir no círculo eleitoral que se representa. Ora, estando ausente há um ano a manutenção da residência no Luxemburgo só pode ser um “truque”.

Cabeça de lista às eleições autárquicas portuguesas de Outubro próximo na União de Freguesias da Marateca e Poceirão, concelho de Palmela, o Conselheiro vem anunciar aqui no BOM DIA que se demitirá das suas funções no CCP caso seja eleito Presidente da Junta de Freguesia a que se candidata.

O que não nos diz o pretenso autarca é que o partido que representa, a menos que haja uma hecatombe, nunca ganhará a Junta de Freguesia em questão. Há 4 anos, o partido em questão teve 8,12% dos votos. De entre mandatos disponíveis, conquistou um.

Esta “honrosa” atitude com que o candidato nos brinda só pode ser lida como uma piada. Até porque a questão em nada se prende com a acumulação de mandatos, mas com o respeito pela lei eleitoral do CCP.

Não sendo residente de facto no Luxemburgo o Conselheiro Custódio Portásio não reúne condições de elegibilidade para representar este círculo eleitoral no Conselho das Comunidade Portuguesas. Estando além, atitude honrosa, só lhe resta uma: demitir-se. Já. Demitir-se do Conselho das Comunidades Portuguesas, do Conselho Comunal de Integração da Cidade do Luxemburgo, e do Conselho Nacional para Estrangeiros no Luxemburgo.

A promessa de demissão após a vitória da Junta é, na mais cordata das visões, gozar connosco.

Parafraseando o seu slogan de campanha: o Luxemburgo merece mais.

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