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Educação – Os fantasmas da nossa adolescência

Em Pedagogia, muito se discute sobre metodologias de ensino. E métodos há muitos, com cada educador (diretor/coordenador/professor) defendendo as razões pelas quais tal método considera mais adequado aos seus educandos.

Educadores famosos como Rousseau e Pestalozzi plantaram importantes elementos de aprendizagem que influenciaram muitos outros educadores mais contemporâneos: Montessori, Piaget e Freinet, por exemplo.

A verdade é que não há um método perfeito para a educação das crianças e jovens, mas formas de educar, de compartilhar conhecimento e de encaminhar. E também não existe a escola perfeita, senhora de si.

Como dizia Paulo Freire (notável alfabetizador): “um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada.” E aí reside o maior problema, pois ninguém é senhor absoluto da verdade; o corpo docente também aprende muito com o aluno.

Podemos seguir no caminho para a formação dos jovens utilizando vários métodos, desde que sejam respeitados os limites de cada aluno e que o objetivo seja o mesmo, ou seja, permitir-lhes a possibilidade de adquirir conhecimento geral de qualidade, podendo depois demonstrar o seu aprendizado no cotidiano, mostrar as suas descobertas, bem como comprovar a veracidade de outras.

Ao permitir que os jovens tenham essa base, a educação lhes permitirá também, através de suas observações e pesquisas, preparar-se para a vida. É sabido que a formação do aluno deve ser gradual, crescente e evolutiva. “Cada série é um degrau de uma escada que não permite saltos” (Jacir Ventura, Revista Linha Direta Edição 156, março 2011, pág. 86).

Nós, a partir do nascimento, estamos livres para viver em sociedade, ainda que não estejamos preparados para isso. Ao contrário de um automóvel, que teoricamente sai da linha de montagem perfeito para ser colocado em circulação, o ser humano estará sempre em aperfeiçoamento, num crescente processo de adaptação e aprimoramento.

A formação integral dos jovens, portanto, dar-se-á a partir da convivência social, que os fará crescer e desenvolver-se continuamente, adquirindo noções de ética e cidadania, direitos e obrigações. Ensinar é essencial, mas ensinar bem. “Uma coisa é saber o que se vai ensinar; outra coisa é saber ensinar o que se sabe.

A atividade docente pressupõe sempre uma postura humilde, isto é, a postura de quem está consciente de suas limitações e, por isso, deve estar preparado para aprender cada vez mais sobre a difícil arte de ensinar.”(Douglas Tufano, no artigo Postura de professor). Mas como educar bem os nossos filhos? Como guiá-los corretamente na direção do melhor caminho? O que fazer para “modernizar” nossas opiniões de forma que sejam melhor aceitas por eles? Qual deve ser nossa postura diante deles, como pais? Tais indagações permeiam diuturnamente nossas vidas e vagamos entre o certo e o errado, o possível e o talvez, o querer e o poder, o negar e o conceder e as crianças, “modernas” ao extremo, percebem nossas aflições e nos encostam no muro.

Elas buscam, sim, respostas para os fantasmas que as amedrontam, os mesmos fantasmas que que nos perseguiam quando éramos adolescentes e para os quais não tivemos soluções. Hoje, o que em nós não morreu, mas apenas estava adormecido, desperta em nossos jovens para colocá-los em discordância com o que julgamos politicamente ou socialmente correto.

E o que é certo, afinal?

Um ato que ontem era considerado normal, hoje pode estar totalmente em desacordo com as antigas convicções. Afinal, a nossa vida ética é orientada pela nossa vontade, a vontade de aceitar ou negar o que nos é dito e o que nos é ofertado pela inteligência.

Da boa ou da má vontade nossa razão será guiada, para a virtude ou para o vício. São concepções que devemos incutir em nossos jovens, orientando-os na educação da vontade, na moderação dos impulsos fortes e desmedidos, estabelecendo os limites entre o que queremos e o que podemos e até onde devemos avançar sem ferir o querer do outro.

Os jovens devem ser orientados também para poder discernir entre o racionalismo e a emoção. O que não podemos é deixar tudo como está, ao sabor das ondas tempestuosas, com a formação da juventude se deturpando, fugindo dos fantasmas – tão comuns nesta fase da vida –, fantasmas que já foram nossos e ainda são.

Esses fantasmas talvez não adormeçam mais e, aí, a juventude estará cada vez mais perdida, enfrentando as maiores dificuldades para encontrar o seu lugar na sociedade. E a culpa, a máxima culpa, será nossa.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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