De que está à procura ?

Desporto

Bruno Araújo compete nos Jogos Europeus Universitários

© DR

Bruno Araújo, único atleta português nos Jogos Europeus Universitários a competir em desporto adaptado, disse esta segunda-feira à Lusa que quer “o melhor resultado possível” na prova de ténis de mesa, mas procura ganhar experiência para outros ‘voos’.

Aos 20 anos, o estudante do Instituto Politécnico de Setúbal representa Portugal na única modalidade de desporto adaptado presente nos Jogos, que decorrem até 28 de julho.

Araújo pratica ténis de mesa adaptado “há dois anos, depois de começar no Clube de Futebol Os Sadinos”, contou à Lusa, e a paixão continuou a par da licenciatura em Gestão, Distribuição e Logística.

Em Setúbal, encontrou uma equipa de ténis de mesa e um instituto que “fez todos os possíveis” para que pudesse disputar a prova em Coimbra, naquilo que é a estreia em provas universitárias, depois de um ‘top 10’ no nacional de ténis de mesa adaptado na última época.

Treinado por José Conceição, o potencial de Bruno Araújo já foi avistado por “jogadores da seleção nacional”, contra quem jogou nos Nacionais, mesmo sendo o mais novo de todos os participantes.

“Alguns jogadores da seleção disseram-me para continuar, não largar os treinos e trabalhar, e depois chegaria qualquer coisa, como a seleção nacional, de que gostava muito de fazer parte”, explicou.

Inserido no Grupo A da competição, disputou até ao momento dois dos três jogos da ‘poule’, perdendo com o italiano Francesco Lorenzini e com o francês Elias Debeyssac, da Universidade de Bordéus, antes de fechar a fase de grupos na terça-feira, frente ao polaco Hubert Morusiewicz.

Mesmo reconhecendo que os adversários “jogam melhor”, Bruno Araújo quer usar a prova como uma catapulta para próximas participações, não só na quinta edição dos Jogos Europeus Universitários, marcados para 2020 em Itália, mas também no ‘sonho’ de representar a seleção nacional.

Com espinha bífida desde nascença, e entretanto submetido a uma intervenção cirúrgica, em 2013, Bruno Araújo tem “algumas dificuldades em andar e a perna esquerda mais prejudicada”, o que não o impede de repetir a vontade de “progredir muito e chegar ao nível de topo”.

Na opinião do jovem atleta, ainda há alguma discriminação em relação ao desporto adaptado, mesmo que “a longo prazo essa ideia acabe por desaparecer”, em particular nos apoios.

“Gostaria que a Câmara de Setúbal, ou outras instituições, pudessem, por exemplo, facultar uma carrinha ao meu clube e a todos os de Setúbal. Imagina, há uma prova no Porto, partíamos todos e tínhamos tudo tratado. Faz falta esse tipo de apoios”, considerou.

Quanto ao estatuto de estudante atleta, Bruno espera tê-lo “na próxima época”, para evitar ter exames de manhã e provas à noite, como aconteceu esta temporada, até porque a conciliação entre desporto e academia é para continuar.

“Gostava muito de combinar uma vida de trabalho e ténis de mesa. Tenho saúde e um clube que me apoia. (…) Gostava de continuar a fazer a vida que faço”, atirou.

A apostar numa carreira passo a passo, Bruno não deixa de ‘sonhar’ com uma possível participação em provas de topo internacionais, com a ‘cereja’ no topo do bolo a serem os Paralímpicos.

“A caminho de Coimbra, o meu treinador disse-me que nos Paralímpicos a malta faz sempre uma tatuagem do símbolo olímpico. Eu não sabia, mas ele prometeu-me fazer uma tatuagem se eu fosse aos Paralímpicos. É uma ideia muito, muito fascinante, e entusiasmava-me muito poder chegar a um nível desses”, afirmou.

A quarta edição dos Jogos Europeus Universitários decorre até 28 de julho e traz 13 desportos diferentes a Coimbra, com a participação de cerca de 4.500 atletas – a sua maioria campeões nacionais universitários nas 13 modalidades em competição, entre eles cerca de 450 portugueses -, de 295 universidades de 40 países.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA