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Artistas portugueses vão oferecer pinturas a Marcelo e Macron

Os artistas Pedro Amaral e Ivo Bassanti, que assinam como Borderlovers, vão oferecer duas pinturas aos presidentes português e francês durante as comemorações do centenário da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, em França.

As obras representam, em traços expressionistas e tons monocromáticos, uma vasta paisagem da qual sobressai o chamado “Cristo das Trincheiras”, um Cristo crucificado que os soldados portugueses encontraram semidestruído no meio dos destroços durante a Batalha de La Lys, a 09 de abril de 1918, e que se encontra atualmente junto ao Túmulo do Soldado Desconhecido, no Mosteiro da Batalha.

As duas pinturas sobre papel, intituladas “O Fim de Todas as Guerras/La Fin de Toutes les Guerres”, são “uma equação entre a Trégua de Natal de 1914, o “Cristo das Trincheiras” e a figura de Pierre Teillard de Chardin porque “esses três elementos têm uma comum mensagem de paz, fraternidade e esperança”, disse à Lusa Pedro Amaral.

“É uma oferta simbólica para os dois países. Naquela dor toda, há 100 anos, aconteceram ali coisas luminosas, como a Trégua de Natal que é no quinto mês da Primeira Guerra; depois, a 09 de abril de 1918 foi encontrado o Cristo das Trincheiras e durante todo esse tempo o Pierre de Chardin, que foi padre e homem de Ciência francês, esteve lá e disse que foi aquela experiência das trincheiras que lhe fez entender uma série de coisas”, explicou.

As duas pinturas têm o mesmo tamanho e a mesma figuração, mas apresentam cores diferentes, sendo construídas em torno de uma assemblagem de quatro folhas de papel unidas por uma liga de tecido “como se fosse uma ligadura, uma gaze”.

Pedro Amaral quer oferecer as obras aos presidentes Marcelo Rebelo de Sousa e Emmanuel Macron no âmbito das comemorações do centenário da Batalha de La Lys, que decorrem de 08 a 10 de abril – com o ponto central a 09 de abril, data do aniversário da batalha -, mas não sabe se poderão ser entregues pessoalmente e em que momento da agenda.

Em junho do ano passado, Pedro Amaral e Ivo Bassanti tinham exposto, na galeria Shiki Miki, em Paris, obras inspiradas na Trégua de Natal de 1914, em que soldados alemães e britânicos trocaram saudações e calaram as armas durante a breve trégua, um episódio que os dois artistas apresentam “como uma espécie de avatar do seu trabalho e do seu pensamento”.

A ideia da criação de “O Fim de Todas as Guerras/La Fin de Toutes les Guerres” surgiu na sequência da participação dos Borderlovers no evento cultural “La Rue”, no ano passado, cuja participação portuguesa foi promovida pelo Centro Cultural Camões em Paris, dirigido por João Pinharanda, com quem os artistas ficaram em contacto.

Nessa altura, os Borderlovers deixaram nas ruas de Paris vários retratos de personalidades portuguesas que viveram em França e, desde então, têm continuado a estabelecer “relações simbólicas e formais entre França e Portugal”, integrando, em maio, a “Lusoscopia”, outro evento cultural dinamizado pelo Centro Cultural Camões.

João Pinharanda tem acompanhado o trabalho de Pedro Amaral e Ivo Bassanti e a ideia da dupla criar uma obra inspirada na Grande Guerra vai ecoar com a exposição que Pinharanda vai comissariar na cidade francesa de Arras, em que coloca em diálogo os artistas contemporâneos Alexandre Conefrey, Daniel Barroca e um pintor que esteve na Grande Guerra, Adriano de Sousa Lopes.

“É uma releitura contemporânea feita a partir de documentos da época. Os artistas contemporâneos de ambas as iniciativas partem de imagens de época. Fazem uma pesquisa documental e depois retrabalham as imagens documentais a partir de uma estética contemporânea”, afirmou João Pinharanda a propósito da exposição “Le Portugal au Front: visions d’artistes 1918-2018”, que vai estar patente de 09 de abril a 07 de maio no Museu de Belas Artes de Arras.

Para a oferta destas duas obras, Pedro Amaral destacou, também, a importância do mecenato da Otiima Art Works, uma espécie de “estaleiro artístico” na Póvoa do Varzim que os tem apoiado.

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