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Apesar dos acidentes os portugueses continuam a regressar “de carrinha”

Um ano após o acidente de viação no sul França que matou 12 portugueses, quatro dos quais de Cinfães e um de Castelo de Paiva, o luto ainda é visível nos locais de partida, mas a procura da emigração mantém-se.

“As famílias têm reagido com alguma dor e tem custado a passar o tempo. Com o aproximar do primeiro aniversário andam mais tristes”, comentou o presidente da Junta de Espadanedo, Paulo Amorim, localidade que chora a perda de uma família naquele acidente: o pai, de 39 anos, a mãe, com 28 e uma menina, com sete anos.

Na freguesia vizinha de Travanca, de onde era natural a quarta vítima do concelho de Cinfães, um homem de 35 anos, aquele dia fatídico ainda não foi esquecido, diz António Cardoso, o presidente da Junta.

“Têm sido momentos difíceis, especialmente para a mãe”, contou.

A poucos quilómetros, na freguesia de Fornos, já no concelho vizinho de Castelo de Paiva, um ano depois do acidente, que causou a morte de um homem de 38 anos, natural da localidade, o luto prevalece.

“A família continua a fazer o luto. Deixou uma filha de sete anos e a esposa, que têm sido acompanhadas por profissionais e apoiados por familiares mais próximos”, contou Filipe Moura, presidente da Junta.

Hoje, um ano exato depois do acidente, os três autarcas consideram que a tendência de emigração se mantém, mesmo com os sinais de retoma económica na região, nomeadamente na área da construção.

As vítimas seguiam numa carrinha de transporte ilegal da Suíça para Portugal para passar a Páscoa nas localidades de origem.

Os três presidentes de junta disseram desconhecer que aquele tipo de transporte se continue a realizar, apesar de haver ainda muita gente emigrada.

A Lusa também ouviu os dois presidentes de câmara que recordaram o apoio prestado aos familiares por ambos os municípios.

Armando Mourisco, de Cinfães, e Gonçalo Rocha, de Castelo de Paiva, afirmaram, por outro lado, desconhecer situações de transporte com carrinhas em situação eventualmente irregular.

O autarca de Cinfães sinalizou, entretanto, que os emigrantes que ainda fazem a viagem por estrada têm hoje mais atenção às questões da segurança, como as horas das viagens e a velocidade. Muitos, diz, já optam por viajarem de avião, por ser mais seguro.

Armando Mourisco e Gonçalo Rocha assinalaram, por outro lado, que a recuperação do setor da construção na região tem feito diminuir o número de pessoas que emigram, sobretudo mão-de-obra masculina, apesar de ainda haver quem o faça à procura dos salários melhores que auferem em países como a Suíça, França ou Bélgica.

No caso de Cinfães, destacou o autarca, até se tem notado um interesse maior dos emigrantes em regressar à sua terra, investindo em áreas como a agricultura e o comércio e construindo habitação própria no concelho.

Gonçalo Rocha refere que do seu concelho têm saído também muitos jovens com formação superior que não encontram emprego na região, destacando o caso dos enfermeiros.

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