Uma Tonta nesse bar a olhar para o seu mojito
Que nada vê, apenas reflete nessa existência só dela
E que quer tornar-se numa ignorante sem ideias nem projetos.
Uma Tonta que sabe o que quer
E que flutua no ar a cada prazer da vida
Mas que deixou de voar.
Uma Tonta que perdeu uma cumplicidade algures no passado
E a Tonta que não sabe viver sem essa cumplicidade
Mas que a quer extrair das entranhas.
Uma Tonta cheia de raízes poéticas no coração
Mas que quer deixar de ser poeta
Para erradicar os sonhos nela.
Uma Tonta que não sabe onde mora nem para onde vai
Porque, um dia, lhe foi interdito o único sabor que ela precisava e que tanto desejava.
Mas uma Tonta linda
Linda na beleza interior e linda no que deseja oferecer ao mundo.
Uma Tonta que se recusa de partilhar o vazio
Esse vazio do prazer efémero, fútil, oco e insaciável
Porque ela é igual a ela mesma.
Uma Tonta que sofre ao ler o sofrimento por esse mundo fora
Porque ela é sentimento.
E uma Tonta que sofre ao ler tudo vindo dessa cumplicidade perdida
Pois a Tonta tudo sente dessa alma gémea que ela cruzou nesse passado
Mas a Tonta nada quer nem nada exige.
E ela é apenas uma Tonta
Que se abre ao mundo e que grita todos os dias essa sua alma intuitiva e pura.
A sensibilidade, um dia, matará essa Tonta
Pois é ela que a faz sofrer e sofrer em permanência.
Mas afinal o que quer essa Tonta?
Simplesmente e apenas deixar de ser tonta.
Um dia, talvez…
BV 16.06.2018