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“A lua de Joana” de Maria Teresa Maia Gonzalez

Ficha técnica

Título – A lua de Joana

Autora – Maria Teresa Maia Gonzalez

Editora – Verbo

Páginas – 157

RELEITURA

Opinião

Na última visitinha à biblioteca municipal, trouxe comigo duas leituras que me permitiriam fazer um intervalo entre leituras mais “adultas” e complexas. Decidi não retirar da estante a obra que a cronologia ditava como sendo a próxima e aproveitar o espólio da biblioteca da terrinha para “esgueirar-me” para mundos mais juvenis e narrativas teoricamente mais simples e mais “mastigadinhas”.

Li A lua de Joana há muitos, muitos anos, com a idade “certa” para ler este livrinho que aborda um tema complexo e muito, muito atual. Recordo-me que não foi a primeira leitura que fazia sobre as drogas, já que me iniciei no tema com outra narrativa bem mais “pesada” e dura, como é a de Os filhos da droga (outra releitura que farei um dia destes), mas recordo que a franqueza, a inocência e o carisma de Joana me conquistaram, já que na altura teríamos a mesma idade e o seu mundo era semelhante ao meu. A escola, as disciplinas, as opções de nono ano, os colegas estereotipados (as manas Lopes cuscas, o João Pedro “armado” em sabichão e outros), os músicos e bandas de eleição, a leitura como companhia para todos os momentos, a importância de uma avó na nossa vida são exemplos da referida semelhança e foram preponderantes para que me rendesse à narrativa não só quando a li pela primeira vez como agora, passados tantos anos.

Para quem desconhece, A lua de Joana é uma leitura epistolar. Toda a narrativa, à exceção de um texto que a encerra, está composta por cartas que Joana escreve a Marta, a sua melhor amiga que não sobreviveu à passagem pelo mundo das drogas. Para tentar superar esta perda ainda inconcebível e incompreensível, para manter a ligação única e especial que as unia, Joana inicia um “diálogo” epistolar com a sua melhor amiga um mês após a sua morte e nele relata-lhe tudo o que se passa consigo e com os que a rodeiam. É um relato singelo, muito, muito próximo daquele que, por exemplo, eu faria se tivesse a idade da Joana e quisesse desabafar com aquela amiga a quem contaria tudo, tudinho.

A protagonista é o protótipo de uma adolescente dos anos noventa e obviamente dos dias de hoje. Os seus interesses, as suas atitudes, a importância que dá à amizade, a ânsia que demonstra em querer um ambiente familiar estável, a sinceridade que põe em tudo que questiona, a certeza que tem em verdades que para ela são incontestáveis fazem com que a obra que maravilhosamente escreveu Maria Teresa Gonzalez há mais de vinte anos não perca a sua atualidade, mesmo que não tocasse no tema da droga.

Considero assim que é redutor afirmar que A lua de Joana é uma obra sobre a droga. É verdade que o uso de estupefacientes é o fio condutor da narrativa. É por causa da droga e do seu consumo que roubou a Marta da sua vida que Joana lhe começa a escrever cartas quase diariamente. Mas também é verdade que esta correspondência epistolar nos permite entrar no mundo destas duas amigas, conhecer o dia-a-dia de Joana, filha de uma família de posses, mas que anseia com todas as suas forças que a atenção que os seus progenitores lhe dedicam não passe por ofertas de relógios e peças de roupa caras que se acumulam no armário. Permite-nos, como pais, compreender pequenos sinais que os nossos filhos vão deixando “ao acaso” e que gritam por uns minutinhos de gestos e atitudes de “pai e mãe”. E dá-nos ainda a possibilidade de percebermos um pouco melhor aquilo que poderá levar um adolescente, um jovem ou um adulto a recorrer a estupefacientes para fugirem de uma realidade que não os faz felizes.

A lua de Joana é, por tudo o que referi e muito mais, uma leitura preciosa, para ler e reler por miúdos e graúdos. Tive o privilégio de lê-la como miúda e graúda e arrebatou-me quando tinha quinze anitos e agora, já mais crescida. Não tenho dúvidas em dizer que a autora mostra conhecer como poucos aquilo que caracteriza a fase da adolescência, que esse conhecimento transparece na construção das personagens, do seu mundo, das suas vivências, gostos, preocupações e linguagem e que por tudo isto concordo plenamente que esta obra faça parte das leituras aconselhadas pelo Plano Nacional de Leitura.

É assim óbvio que recomendo A lua de Joana para pequenos e grandes. Proporcionará a todos uma leitura especial, daquelas que conquistam um cantinho só delas na nossa estante e na nossa memória!

NOTA – 10/10

Sinopse

Plano Nacional de Leitura

Livro recomendado para o 8º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada.

Ao lermos a «Lua de Joana», não podemos deixar de pensar na forma como, muitas vezes, relegamos para segundo plano aquilo que realmente é importante na vida. Este livro alerta-nos para a importância de estarmos atentos a nós e ao outro, e de sermos capazes de, em conjunto, percorrer um caminho que conduza a uma vida plena…Foi já há quinze anos que «A Lua de Joana» foi publicada. Com mais de 300 000 exemplares vendidos nas suas inúmeras edições, com traduções em seis países, impôs-se como uma referência incontornável na literatura juvenil portuguesa e mundial.

in http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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